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FMI: Guedes frisa alta inflação global e defende postura do Brasil

Ministro da Economia discursará amanhã e ressaltará medidas adotadas pelo governo para amenizar o impacto da pandemia 

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

O ministro da Economia, Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes

Nesta quinta-feira (14), último dia de sua agenda em Washington, o ministro da Economia, Paulo Guedes, discursará durante o 44º encontro do Comitê Monetário e Financeiro Internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na reunião fechada, a fala do representante brasileiro mirará a alta da inflação e as interferências dela para a volta do crescimento econômico. Segundo Guedes, o cenário é global e está relacionado às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, mas o Brasil adotou uma rápida resposta que possibilitará uma "forte recuperação econômica". 

"Restrições relacionadas à pandemia, combinadas com uma forte recuperação na demanda, levaram a gargalos de abastecimento global, reduzindo o ritmo de recuperação (principalmente para economias de mercado emergentes) e aumentando pressão sobre a inflação", justificará Guedes.

Neste contexto, o ministro afirmará que os países exportadores de commodities foram os que inicialmente se beneficiaram da melhoria dos termos de troca, mas que, hoje, essa situação está revertida em partes. O ministro exemplificará a situação com o avanço da vacinação contra a Covid-19. "A lacuna de vacinação entre economias avançadas e economias de mercado emergentes estão fechando e potencialmente reduzindo cicatrizes."

Guedes ressaltará, ainda, a necessidade da mudança de foco das medidas de assistências emergenciais de economias emergentes para políticas de apoio fiscal de médio prazo. No Brasil, a movimentação, na seara de políticas sociais, é para a consolidação do novo Bolsa Família, com ampliação do total de beneficiados, substituindo o auxílio emergencial adotado durante a pandemia.


Especificamente sobre a conduta brasileira, o economista avaliará que a resposta política rápida, abrangente e enérgica do Brasil foi fundamental para mitigar o impacto do choque da Covid-19, preparando o terreno para uma forte recuperação econômica. "Para lutar contra as consequências sociais e econômicas, o governo lançou uma série de medidas fiscais, monetárias e medidas de apoio financeiro que se destacaram entre os pares."

Guedes deve citar o auxílio emergencial e sua prorrogação, a manutenção do programa de retenção de emprego e de apoio a micro e pequenas empresas, medidas tomadas para garantir desembolsos orçamentários suficientes, dispensa de tarifas de importação em alguns itens essenciais, além das medidas de saúde, com foco na campanha de vacinação contra a Covid-19. "Com uma implementação de vacinação eficaz e a segunda onda de Covid-19 agora sob controle, o Brasil está bem posicionado para um crescimento econômico robusto este ano."


No caso dos países de baixa renda, o ministro enfatizará o desafio ainda vigente na implementação de vacinação, incluindo acesso limitado. Para ele, o grupo "deve receber total apoio do comunidade internacional para melhorar suas perspectivas econômicas e de saúde, em última instância impactando a resiliência global à pandemia".

As estratégias, segundo Guedes, melhorarão o desempenho do mercado de trabalho. "Maior cobertura de vacinação e melhor o apoio à renda aumentará a participação no mercado de trabalho e abrirá oportunidades de emprego no setor de serviços."


À medida que a mobilidade aumenta, os mercados de trabalho informais em economias emergentes e países pobres provavelmente se recuperam a um ritmo forte, levando a uma redução do desemprego, defende Guedes. Como consequência disso, "os governos devem buscar reformas estruturais para fechar o lacuna entre os mercados informais e formais, aumentar as receitas fiscais e aumentar a cobertura de esquemas de proteção social", pontuará o economista.

Inflação

Assim como tem ocorrido no Brasil, Guedes atribuirá a alta da inflação a um problema mundial. "As pressões inflacionárias têm persistido em muitos países, aumentando as apostas monetárias política no contexto de uma recuperação ainda frágil". Ele afirma que a inflação dos preços de bens e alimentos tem sido significativa e recai sobre itens essenciais da cesta de consumo.

Além disso, o aumento acentuado de energia também está relacionado às pressões inflacionárias, diz Guedes, bem como a resposta defasada da participação no mercado de trabalho, que poderá impactar nas taxas do setor de serviços no futuro. "Vários bancos centrais em economias emergentes estão apertando a política monetária, conforme necessário, para ancorar as expectativas de inflação e garantir que o crescimento potencial não seja afetado por dinâmicas inflacionárias adversa."

Guedes chamará atenção para a sinalização em reduzir os programas de compra de ativos por parte dos bancos centrais das principais economias avançadas, alertando que a remoção do suporte quantitativo deve ser cuidadosamente calibrada e comunicada a fim de evitar dinâmicas de mercado perturbadoras e repercussões.

Na discussão, Guedes quer destacar o papel fundamental do FMI para a recuperação econômica global. "Vários membros estão lidando com altos níveis de dívida e o Fundo deve ser capaz de apoiar seus esforços. Preocupações com a sustentabilidade da dívida e perda de acesso ao mercado por vários países nos últimos meses trazem um senso de urgência ao programa de trabalho da dívida soberana do Fundo."

Segundo Guedes, há a preocupação de que recursos do fundo não sejam adequados para lidar com crises futuras. "Desenvolvimentos recentes — como linhas de swap, política monetária fácil nos principais economias avançadas, e a nova alocação de direitos especiais de saque — podem ter contribuído para estabilizar a economia global e momentaneamente reduziram a demanda por empréstimos do fundo. No entanto, os fluxos de capital não necessariamente foram alocados para os países que mais precisam, e a perspectiva global ainda é marcada por incerteza e alta volatilidade."

Para o ministro, é preciso abordar o desalinhamento de cotas e corrigir desvios. "Nós chamamos o Conselho Executivo do FMI para trabalhar em um roteiro viável e definir marcos concretos entregas ao longo do processo para garantir que um resultado bem-sucedido seja alcançado a prazo final", pede. 

As análises, que devem ser reproduzidas na fala de quinta (14), fazem parte do pronunciamento público do Brasil por ocasião das reuniões, mas Guedes pode sintetizar a fala e frizar outros aspectos, apesar de a base ser a mesma. Ele falará pelo Brasil, além de representar os seguintes países: Cabo Verde, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, República Democrática de Timor-Leste, Suriname e Trinidade e Tobago.

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