A pedido do governo, centrão deve indicar mulheres para a presidência da Caixa e da Funasa
Margarete Coelho é cotada para chefiar a Caixa, e Virgínia Velloso é um nome forte para assumir o comando da Funasa
Brasília|Hellen Leite e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Com a iminência de uma reforma ministerial, o centrão avalia a indicação de mulheres para o primeiro escalão do governo. A orientação partiu do Palácio do Planalto. Isso porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer evitar um desgaste com a possível dispensa de nomes femininos dos cargos de chefia na Esplanada. Com isso, a ex-deputada federal Margarete Coelho ganha força para assumir a presidência da Caixa, e a ex-deputada Virgínia Velloso é o nome cotado para o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Segundo fontes no Palácio do Planalto, as reuniões com os partidos têm girado em torno da orientação de Lula. Por outro lado, as agremiações do centrão não veem problema na indicação de mulheres, desde que sejam garantidos os cargos no primeiro escalão.
No caso de Margarete Coelho, cotada para a presidência da Caixa, ela tem proximidade tanto com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quanto com o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), que tem declarado oposição aberta ao governo Lula. Coelho foi vice-governadora do Piauí e é atualmente a diretora de Administração e Finanças do Sebrae.
Inicialmente, a legenda havia apresentado o nome de Gilberto Occhi, que foi ministro nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer e já foi presidente do banco; no entanto, Margarete Coelho ganhou fôlego nas últimas semanas, impulsionada pela orientação de Lula. Caso confirmada a indicação pelo partido, ela deve ocupar o lugar de Rita Serrano no comando da instituição.
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Já para a Funasa, um nome forte é o da atual superintendente da fundação na Paraíba, Virgínia Velloso. Ela é a mãe do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e da senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB). Além disso, atuou nas articulações no Congresso para a recriação da Funasa e tem a simpatia de servidores da fundação. A entidade havia sido extinta pelo presidente Lula por meio de uma medida provisória.
Atualmente, a Funasa é comandada interinamente pelo economista Alexandre Motta, que foi nomeado para o cargo no último dia 20 de julho.
Cota feminina em risco
Após a confirmação da demissão de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo, que foi substituída por Celso Sabino, ainda há especulações sobre a ameaça aos cargos de outras ministras.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que comanda um dos maiores orçamentos da Esplanada, entrou na mira do centrão. No entanto, o presidente Lula afirmou mais de uma vez que não abre mão da pasta. As vagas de Ana Moser, ministra do Esporte, e de Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia, também foram alvo de especulação.
Na segunda-feira (24), Luciana Santos afirmou que trabalha “tranquilamente” e que não foi procurada pelo presidente Lula para falar de possíveis trocas no comando da pasta. “A questão da política é o presidente que está cuidando, e, no momento, nem o presidente nem outro interlocutor do governo tem conversado comigo sobre esse assunto", disse.
Relação do governo com o centrão
O governo tem tentado se aproximar do centrão após a pressão dos partidos, que cobram cargos na Esplanada dos Ministérios e agilidade na liberação de emendas. Mais cedo, em uma live do programa Conversa com o Presidente, Lula afirmou que vê como "normal" o fato de que partidos do grupo queiram participar do governo, já que há entrega de votos em matérias governistas consideradas importantes, como o novo marco fiscal e a reforma tributária.
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Lula também admitiu que devem ocorrer mudanças nos ministérios nas próximas semanas, mas criticou especulações e ressaltou que ele vai decidir quais cargos negociar. Há a expectativa de que o presidente se reúna com Arthur Lira nas próximas semanas para tratar da reforma ministerial.
"É assim que a gente conversa, e é normal que esses partidos, que quiseram apoiar a gente, eles queiram participar do governo. Aí você tenta arrumar um lugar para colocar, para dar tranquilidade ao governo para as votações de que nós precisamos para melhor aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer", afirmou o presidente.