Governo publica retratação a famílias de vítimas da ditadura por homenagem a torturador
Uma postagem feita durante o governo Bolsonaro tratava como 'herói' Major Curió, militar que ordenou prisões, torturas e mortes
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O governo federal publicou nesta segunda-feira (12), em todos os canais de divulgação oficial, uma nota de retratação aos familiares das vítimas do coronel da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió. A medida cumpre uma decisão judicial contra a União protocolada após a divulgação de uma homenagem ao militar, que ordenou a prisão, a tortura e a execução de brasileiros que defendiam a democracia durante a ditadura.
A mensagem que se referia a Curió como um "herói" foi divulgada pelo governo durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), em 5 de maio de 2020. Na publicação, a Secretaria de Comunicação informa um encontro entre o então presidente da República e Major Curió, que, segundo o texto, "combateu a guerrilha comunista no Araguaia".
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Os familiares entraram com uma ação na 8ª Vara Cível Federal de São Paulo, exigindo na Justiça o direito de resposta. A gestão Bolsonaro recorreu, mas o atual governo concordou com a ordem judicial. "Não é herói. Nada justifica a tortura, a mais covarde das violências", ratificou o governo Lula.
A mensagem de retratação foi disparada às 14h42. Leia o texto na íntegra:
O governo brasileiro, na atuação contra a guerrilha do Araguaia, violou os direitos humanos, praticou torturas e homicídios, sendo condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por tais fatos. Um dos participantes destas violações foi o Major Curió e, portanto, nunca poderá ser chamado de herói. A Secom retifica a divulgação ilegal que fez sobre o tema, em respeito ao direito à verdade e à memória.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para unir e reconstruir o país. Entre as diversas realizações de seu governo está a retomada da Comissão de Anistia, que, após quatro anos atuando em contrário ao seu propósito original, retomou, em 30 de março, seu propósito original, que é promover reparação às vítimas das injustiças praticadas pelo Estado brasileiro. Atuar por memória, verdade, justiça e reparação.
O direito de resposta publicado neste dia 12 simboliza, também, o direito ao futuro. O Brasil voltou e isso é só o começo."