Hacker da 'Vaza Jato' entregou à PF comprovantes de pagamentos feitos por Zambelli, diz defesa
Recibos totalizariam R$ 13.500, de R$ 40.000 recebidos para invadir sistema do CNJ; o restante teria sido pago em espécie
Brasília|Luís Augusto Evangelista, da Record TV, e Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter originado a operação "Vaza Jato", entregou à Polícia Federal comprovantes de depósitos recebidos por ele de pessoas ligadas à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A informação é da defesa de Delgatti e foi confirmada à Record TV pelo advogado Ariovaldo Moreira. O hacker prestou depoimento à PF na quarta (16) e na sexta-feira (18).
De acordo com Moreira, o dinheiro faz parte do pagamento pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça no início do ano. Os comprovantes totalizariam R$ 13.500, dos R$ 40.000 que Delgatti afirma ter recebido de Zambelli. O restante teria sido pago em espécie.
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À época, um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi inserido no banco Nacional de Mandados de Prisão do CNJ. O texto era assinado pelo próprio Moraes e dizia “publique-se, intime-se e faz o L”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Ainda segundo o advogado, também foi entregue à Polícia Federal um áudio de uma assessora de Zambelli que comprovaria o recebimento de uma proposta de Delgatti.
O R7 entrou em contato com a defesa da deputada federal, mas não recebeu retorno até a última atualização deste texto.
Depoimentos do hacker
Delgatti já tinha sido ouvido pela PF na quarta-feira (16). A corporação chamou-o novamente para avaliar se há contradições nas declarações do hacker aos agentes e à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, onde esteve na quinta (17), um dia após a primeira oitiva à PF.
Durante depoimento à comissão parlamentar, Delgatti acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter oferecido a ele um indulto caso assumisse ter grampeado Alexandre de Moraes e de ter ordenado um plano para questionar a segurança das urnas eletrônicas em 2022.
Conselho Nacional de Justiça
Na quinta-feira (17), o CNJ, por meio de nota, informou que as investigações sobre a invasão ao sistema estão em segredo de justiça.
"O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reitera que todos os fatos decorrentes da invasão ao seu sistema, ocorrida em janeiro de 2023, correm em apuração judicial, que tramita em segredo de justiça, e que, internamente, já foram tomadas todas as medidas de apuração e de confirmação dos protocolos de segurança conforme diretrizes estabelecidas", escreveu.