Haddad justifica delegacia da Receita: crime organizado avança sobre setores da sociedade
Ministro volta a falar sobre delegacia da Receita Federal e cobra inteligência integrada para cortar financiamento das facções
Brasília|Do R7, com Estadão Conteúdo
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“O grande problema do crime organizado com esse grau de sofisticação é que começa a invadir setores organizados da sociedade.” A forte declaração é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, a atuação das facções vai além do tráfico de drogas e passa a influenciar a política, o serviço público e até a magistratura.
Ele falou sobre o assunto ao comentar os resultados da Operação Spare, que revelou um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) em postos de gasolina, motéis e franquias comerciais. E também sobre a criação de uma delegacia da Receita Federal.
“Não tem como enfrentar o crime organizado sem inteligência organizada”, afirmou no podcast 3 Irmãos, defendendo maior integração entre os órgãos de fiscalização.
O ministro destacou que parte desse esforço será consolidada com a criação da Delegacia de Combate a Fraudes Estruturadas e ao Crime Organizado da Receita Federal.
“Uma fiscalização da Receita deu início a essa operação”, disse, lembrando que o órgão já havia criado, em 2023, um núcleo específico para mapear fraudes complexas e suas intersecções com a economia real.
De acordo com a Receita, a investigação identificou 21 CNPJs ligados a 98 motéis e centenas de postos de combustível controlados por empresas de fachada. O modelo visava ocultar recursos ilícitos e reinserir o dinheiro no mercado.
Nova operação investiga lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis em SP
Banco Central e política monetária
No mesmo podcast em que abordou a Operação Spare, Haddad também falou sobre a independência do Banco Central e a condução da política monetária. Ele reforçou que a instituição já gozava de autonomia mesmo antes da lei aprovada em 2021.
“O Banco Central no Brasil é independente há muito tempo, desde o Plano Real. A lei só consolidou o que já acontecia na prática”, explicou.
O ministro destacou que sua relação com o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, é marcada por franqueza e diálogo constante.
“Eu ligo e falo o que penso. O presidente do Banco Central tem que ouvir todo mundo: economistas, presidentes de bancos, a Fazenda. Mas a decisão final será sempre dele”, disse Haddad.
Apesar de reconhecer a autonomia da autoridade monetária, Haddad voltou a criticar o atual nível da taxa básica de juros. Para ele, a Selic está “muito alta” e dificulta a rolagem da dívida pública junto ao sistema financeiro.
“Há um debate técnico normal sobre o patamar adequado dos juros. O Brasil vem crescendo mesmo com esse nível elevado, mas uma taxa menor poderia impulsionar ainda mais a economia”, avaliou.
O ministro também enfatizou que a dívida pública é monitorada de perto. “Tem órgãos de controle, como Banco Central, TCU, Tesouro Nacional. Esse trabalho é feito diariamente por equipes técnicas de carreira”, afirmou, em defesa da credibilidade das estatísticas fiscais.
‘Abusozinho’ na recuperação judicial
Outro ponto abordado foi o uso da recuperação judicial, instrumento previsto em lei para socorrer empresas em crise financeira. Haddad disse suspeitar de distorções no mecanismo.
“Tem um ‘abusozinho’ do uso da recuperação judicial em alguns setores, que a gente está analisando com mais calma, que nunca teve esse tipo de coisa”, afirmou, sem citar quais segmentos estariam sob suspeita.
Segundo ele, a equipe econômica vem estudando mudanças que impeçam o uso abusivo do instrumento, que poderia estar sendo adotado por empresas sem reais dificuldades financeiras, em busca de vantagens indevidas.
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