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'Inflação', 'grande perda de mão de obra' e 'catástrofe': entidades repercutem veto à desoneração

Representantes de setores econômicos afetados temem a perda de vagas de emprego e a retirada de investimentos no país

Brasília|Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília, e Natália Martins, da Record

Lula vetou prorrogação da desoneração
Lula vetou prorrogação da desoneração

Líderes de entidades que representam setores econômicos afetados pelo veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prorrogação até 2027 da desoneração da folha de pagamento, decidido nesta quinta-feira (23), criticaram a decisão. Os 17 setores listados no projeto de lei e entidades de empregadores já pressionam pela derrubada do veto pelo Congresso Nacional.

"Custa a crer que um governo que sempre defendeu o emprego e defende sustentabilidade das empresas está provocando uma catástrofe se nós não resolvermos este assunto em todo o nosso ambiente. Vão parar investimentos, vai haver uma grande demissão de mão de obra, nós vamos ter aumento de custos para a população", afirma Vivien Mello Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).

De acordo com Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a medida deve custar empregos. "A sanção da medida seria crucial para os 17 setores abrangidos, os maiores empregadores do país, e seus recursos humanos", afirmou.

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"As empresas esperavam a decisão de Lula para completar seu planejamento referente ao novo ano, inclusive quanto às contratações, que agora ficarão mais difíceis com o aumento dos custos trabalhistas", avaliou Cervone. Para ele, "a atitude do presidente da República foi contrária ao posicionamento histórico do PT em favor do emprego e dos trabalhadores".


"A decisão implica diretamente a redução de postos de trabalho e vai na contramão da necessidade do país de geração de emprego", critica Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

"Prorrogar a desoneração é fundamental para a indústria da construção. O setor trabalha com ciclos de produção e planejamento de longo prazo. É danoso para o setor que uma obra seja iniciada considerando uma forma de contribuição e no meio do processo precise considerar um novo formato. Impacta o custo da produção, a geração de empregos, e aumenta a insegurança jurídica em relação aos contratos firmados", completou.

O presidente da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), John Anthony, afirmou que haverá aumento de preços e da inflação se a decisão de Lula não for derrubada pelo Congresso. "Vai acarretar muito desemprego e, além disso, vai ter aumento em produtos, alimentos, transporte público e transporte de carga, fazendo com que a classe mais vulnerável perca seu poder aquisitivo. Também haverá aumento da inflação."

Entenda

A prorrogação da desoneração da folha até 2027, um propósito que une entidades empresariais e sindicatos laborais, substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta das empresas. Os 17 segmentos contemplados são: call center, comunicação, calçados, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, couro, fabricação de veículos e carrocerias, máquinas e equipamentos, proteína animal, têxtil/confecção, tecnologia da informação, tecnologia de comunicação, projeto de circuitos integrados, transporte metroferroviário de passageiros, transporte rodoviário coletivo e transporte rodoviário de cargas.

Com a decisão do petista, a medida termina em 31 de dezembro deste ano, com um risco de perda de cerca de 1 milhão de empregos após o fim da validade da desonreação. O veto à prorrogação da desoneração foi recomendado pelo Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, por meio de notas técnicas.

Derrubada do veto

A prorrogação da desoneração, no entanto, é defendida por parlamentares. O veto de Lula ao projeto é contrário ao posicionamento de 84% dos deputados federais. Dos 513 parlamentares, 430 votaram a favor da proposta. Impedir a extensão da desoneração também significa ir na contramão da manifestação dos senadores, que aprovaram a matéria por votação simbólica, ou seja, quando não há contagem de votos. Por isso, nesse cenário negativo, deve haver uma forte reação do Congresso — que deve derrubar o veto presidencial.

A medida está em vigor desde 2011, quando foi adotada durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Quando a concessão entrou em vigor, 56 setores eram contemplados, mas o ex-presidente Michel Temer (MDB) sancionou, em 2018, uma lei que removeu 39 segmentos do regime. A medida valeria até 2021, mas foi prorrogada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) até 2023.

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