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INSS: quem é apontado como ‘elo fundamental’ entre núcleo da Conafer e cúpula do instituto?

Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho teria recebido mais de R$ 6,5 milhões para permitir descontos ilegais em aposentadorias

Brasília|Do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-Procurador-Chefe do INSS, é acusado de facilitar fraudes bilionárias.
  • Ele teria recebido mais de R$ 6,5 milhões em propinas para manter convênios com a Conafer apesar de alertas sobre irregularidades.
  • Virgílio e sua esposa se entregaram à Polícia Federal após mandados judiciais, sendo considerados peças essenciais no esquema.
  • A Conafer expressou preocupação com a operação, defendendo a presunção de inocência e solicitando respeito aos direitos dos investigados.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Decisão judicial descreve Virgílio como peça essencial para o funcionamento do esquema no INSS
Decisão judicial descreve Virgílio como peça essencial para o funcionamento do esquema no INSS Carlos Moura/Agência Senado - 23.10.2025

A Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS, colocou no centro do caso o ex-Procurador-Chefe da autarquia, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho.

Segundo a Polícia Federal, ele atuou para garantir a continuidade do convênio firmado com a Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), mesmo diante de alertas internos sobre irregularidades, em troca de pagamento de propina.


Após a deflagração da segunda fase da operação, Virgílio e sua esposa, a médica Thaisa Hoffmann, se entregaram à Polícia Federal.

Ambos estavam com mandado judicial em aberto e se apresentaram espontaneamente, acompanhados de advogados. A PF classificou a entrega como “colaboração ao cumprimento das determinações judiciais”.


Recebimento milionário

A decisão judicial descreve Virgílio como peça essencial para o funcionamento do esquema. Ele é identificado nos documentos como “Herói V”, “Amigo V” ou “Procurador”, codinomes usados nas planilhas internas da organização para registrar repasses ilícitos.

As quebras de sigilo bancário revelaram que ele recebeu R$ 6.575.000,12 entre 2022 e 2024, provenientes do núcleo financeiro da Conafer, por meio de empresas de fachada.


Os autos destacam como ponto crítico o despacho de 24 de junho de 2021, quando Virgílio liberou R$ 15,3 milhões em repasses à Conafer, contrariando pareceres técnicos e sem comprovação das autorizações dos beneficiários descontados.

A liberação, segundo a PF, garantiu a continuidade do convênio e reforçou a aparência de legalidade para a operação fraudulenta.


Elo institucional

O relatório identifica Virgílio como o principal canal de sustentação jurídica do esquema dentro do INSS, responsável por tomar decisões administrativas que blindaram a organização criminosa e evitaram interrupções no convênio.

As diligências também mostram que as propinas eram dissimuladas por meio de triangulações bancárias e empresas interpostas, em transações planejadas para ocultar a origem ilícita dos recursos.

A perícia digital recuperou conversas entre Virgílio e o operador financeiro:

Em um dos diálogos, Virgílio agradece depósitos e orienta que os repasses sigam “pelos mesmos caminhos”, referência às empresas usadas para ocultar os valores.

A decisão do STF afirma que o ex-procurador-chefe não atuou apenas como beneficiário do esquema, mas como engrenagem indispensável para que o convênio continuasse, mesmo diante de sucessivos sinais de irregularidade.

Virgílio é descrito como “elo fundamental entre o núcleo político da Conafer e a alta cúpula do INSS, utilizando o cargo público para favorecer a continuidade das fraudes em troca de vantagens indevidas”.

O que diz a Conafer

A Conafer afirmou acompanhar com preocupação a nova fase da Operação Sem Desconto, que resultou em prisões e medidas cautelares contra profissionais ligados à entidade.

A confederação defendeu o princípio da presunção de inocência e disse confiar nas instituições, mas pediu que os direitos dos investigados sejam respeitados.

A entidade declarou que a operação causa paralisação de projetos sociais desenvolvidos em comunidades rurais e tradicionais e que a responsabilização individual não pode resultar em prejuízo coletivo aos beneficiários.

Também afirmou estar colaborando com as autoridades e cobrou que a investigação ocorra com isonomia, transparência e sem exposição midiática excessiva.

A confederação manifestou solidariedade às famílias dos colaboradores e disse que tomará medidas legais para assegurar o direito de defesa de seus dirigentes e garantir a continuidade dos serviços prestados.

A reportagem tenta contato com as defesas de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, Thaísa Hoffmann Jonasson. O espaço segue aberto.

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