Alfredo Carrijo era secretário de Operações Integradas
Valter Campanato/Agência BrasilO ex-secretário de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública Alfredo Carrijo afirmou em depoimento à Polícia Federal que um relatório que mostrava as cidades onde Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro haviam recebido mais de 75% dos votos no primeiro turno foi elaborado por iniciativa própria da Diretoria de Inteligência do ministério, com o objetivo de verificar indícios de compra de votos.
O depoimento de Carrijo é o primeiro da investigação sobre os bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022, que permanece em sigilo. O documento foi obtido pela Record TV com exclusividade.
"As declarações por mim prestadas em ocasião do meu depoimento se deram nos limites da minha atuação enquanto Secretário de Operações Integradas do Ministério da Justiça no período de maio de 2021 a dezembro de 2022, com o único intuito de colaborar com a justiça, assim, entendo que tais declarações devem ser reservadas ao andamento do caso, uma vez que foram dadas com o fito de colaborar com os esclarecimentos dos fatos ali postos em investigação", afirmou Carrijo, em nota.
Blitz atrasou eleitores
Em 30 de outubro de 2022, policiais rodoviários federais realizaram bloqueios em diversas rodovias do Nordeste, o que impactou a movimentação de eleitores na ida aos locais de votação e causou atraso aos eleitores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a ampliar o horário para as pessoas votarem, além de pedir explicações à PRF. A corporação informou, no dia, que o foco era evitar possíveis crimes eleitorais.
Os bloqueios foram feitos mesmo depois de o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, decidir, na véspera do segundo turno, pela proibição das blitze até o fim das eleições — qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores. O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, foi demitido em dezembro e, atualmente, é réu por improbidade administrativa devido à operação.
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Anderson Torres será ouvido
Anderson Torres deve prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, na próxima segunda-feira (8). Fontes ligadas a Torres disseram que ele deve confirmar o pedido de ação conjunta da PF e PRF, com a justificativa de que era para fiscalizar eleitores dos dois candidatos.
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O depoimento de Torres, na segunda, marca quatro meses do ataque extremista à praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. Na época secretário de Segurança do DF, Torres foi preso seis dias depois sob suspeita de ter sido conivente e omisso diante dos ataques.