Itamaraty convoca embaixador de Israel no Brasil após Lula se tornar 'persona non grata'
Embaixador israelense Daniel Zonshine deve se encontrar com Mauro Vieira no Rio, onde ministro se encontra para reunião do G20
Brasília|Natalie Machado, da RECORD, e Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para um encontro nesta segunda-feira (19) após o governo israelense tornar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "persona non grata" no país. Zonshine deve comparecer ao Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, já que Vieira está no local para uma reunião do G20.
Na outra ponta, o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, também foi chamado por Lula para consultas e deve embarcar para o Brasil na terça-feira (20). As informações foram confirmadas à reportagem pelo Itamaraty.
Ambas as medidas foram tomadas depois que o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, informou que Lula é considerado "persona non grata" no país até que haja uma retratação sobre a comparação feita pelo petista no domingo (18) entre o conflito contra o grupo terrorista Hamas e o nazismo.
"Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel. Informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejável em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", disse o ministro israelense em uma postagem nesta segunda-feira (19) nas redes sociais.
A declaração de Lula foi dada durante entrevista coletiva realizada no último domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista.
Repercussão
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou as declarações do presidente e afirmou que a fala de Lula é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura conversa de repreensão".
A conversa entre o ministro das Relações Exteriores de Israel e o embaixador brasileiro ocorreu no Memorial do Holocausto.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração de Lula. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".
Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".
"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.