Brasília Justiça condena a 20 anos médica que matou o próprio filho

Justiça condena a 20 anos médica que matou o próprio filho

Juliana de Pina Araújo, que sofria de depressão, causou uma overdose no filho. Ela está em uma instituição psiquiátrica

  • Brasília | Luiz Calcagno, do R7, em Brasília

A criança chegou a ser socorrido no Hospital Materno Infantil de Brasília, mas não resistiu

A criança chegou a ser socorrido no Hospital Materno Infantil de Brasília, mas não resistiu

Eduardo Enamoto/R7

O Tribunal do Júri de Brasília condenou a pediatra Juliana de Pina Araújo a 20 anos de prisão pela morte do próprio filho, Lucas de Pina, de 3 anos. O crime aconteceu em 27 de junho de 2018. À época, Juliana tratava-se de uma depressão.

O juiz a considerou culpada de homicídio qualificado por meio cruel e cometido contra menor de 14 anos. Ela cumprirá a pena em uma instituição psiquiátrica onde está internada. Era comum, segundo relato de vizinhos, que a avó passasse muito tempo cuidando de Lucas para a filha, que trabalhava no Serviço de atendimento Móvel de Urgência (Samu).

No dia do crime, porém, Juliana estava só com o filho no apartamento onde moravam, na 210 Sul. A médica deu à criança uma mamadeira com os medicamentos ritalina e frontal, que provocaram o sufocamento do bebê. Ela também fez um corte na artéria coxo-femural da criança. Mas a overdose foi determinada como causa da morte.

Após matar a criança, Juliana tentou se matar com uma faca, mas não conseguiu. Desesperada, então, desceu e pediu ajuda. O porteiro do prédio chegou a levá-los ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Em seguida, a mulher foi levada para o Hospital de Base do DF. Ela chegou a ser presa, mas a Justiça determinou a soltura e internação de Juliana em uma instituição psiquiátrica.

A defesa

A advogada de Juliana, Cláudia Tereza Sales Duarte, entrou com um recurso contra a decisão pedindo que o julgamento seja refeito com um novo júri. A defesa apresentará as razões do recurso na nesta segunda-feira (18). Ela argumentou que a maioria dos jurados se manifestaram contrários à prova dos autos da investigação do crime.

“Nós interpusemos um recurso. Vamos apresentar as razões na segunda-feira. Quatro dos seis jurados se manifestaram contrários à prova dos autos. O laudo do IML (Instituto de Medicina Legal) concluiu, logo no início do processo, que a Juliana é semi-imputável. Ela tinha discernimento preservado, mas não tinha condições de se autodeterminar por conta da doença mental que ela sofria”, explicou.

Dois dos jurados votaram pela absolvição com imposição de medidas de segurança. “No caso, pode ser internação ou tratamento ambulatorial. Para ela, tem que ser internação. Foi um pedido do MP para eles o reconhecimento da semi-imputabilidade”, disse.

“E o quadro da Juliana, segundo a psiquiatra da clínica onde ela está internada, ela continua com ideação suicida. O quadro dela, praticamente, segundo todos os relatórios, continua inalterado com essa ideia do auto-extermínio que se mantém”, destacou a defensora.

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