Laudo médico afirma que ex-diretor da PRF perdeu 11 kg na prisão
Silvinei Vasques, que está preso desde agosto, disse que dieta para pacientes celíacos não é respeitada
Brasília|Rafaela Soares e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
Um laudo médico afirma que o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques perdeu 11 kg na prisão. No relatório, Vasques disse que sofre da doença celíaca, mas que o presídio não adaptou o cardápio e "apenas retirou os alimentos que uma pessoa celíaca não pode ingerir". O ex-PRF está preso desde o dia 9 de agosto por suposta interferência no processo eleitoral de 2022.
O documento é assinado pelo médico Dionatan de Matos Messias, da rede pública de saúde do DF. Segundo o profissional, um dos principais sintomas da doença celíaca é a perda de peso, o que pode causar complicações como anemia e aumento do risco de câncer.
A doença celíaca é uma condição autoimune que ocorre quando o corpo do paciente reage ao glúten, uma proteína encontrada em cerais como trigo, cevada e centeio, entre outros.
"Quando uma pessoa com a doença celíaca ingere glúten, seu sistema imunológico ataca o revestimento do intestino delgado, causando inflamação e danos", explica o relatório do dia 21 de setembro.
O R7 procurou a Secretaria de Administração Penitenciária do DF sobre as alegações do ex-PRF e aguarda respostas.
Entenda o caso
O ex-diretor-geral da PRF foi preso em Florianópolis sob suspeita de ter usado a máquina pública para interferir no processo eleitoral. Silvinei foi transferido para Brasília e está detido no Complexo da Papuda.
O pedido de prisão foi fundamentado, entre outras evidências, em mensagens encontradas nos celulares de servidores da PRF por investigadores da Polícia Federal.
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De acordo com o material encontrado, Silvinei teria ordenado um "policiamento direcionado" contra eleitores do então candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno das eleições de 2022.
Em 29 de outubro do ano passado, mensagens trocadas entre o policial rodoviário federal Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da PRF, e Paulo César Botti Alves Júnior, subordinado a ele, mostram que o próprio Alcântara criticou a conduta de Vasques. Ele afirma que o ex-diretor-geral teria falado "muita m..." nas reuniões de gestão, notadamente determinando o "policiamento direcionado" das equipes da corporação nas blitze realizadas no segundo turno das eleições e "corroborando com os elementos de prova que indicam as ações policiais visando dificultar ou mesmo impedir eleitores de votar".
Conversas de WhatsApp no celular de Alcântara em 12 de outubro de 2022 com o policial rodoviário federal Luís Carlos Reischak Júnior, na época diretor de Inteligência da PRF, indicam a orientação de uma ação ostensiva para o dia 30 do mesmo mês. O documento obtido pela PF destaca: "Chama atenção um trecho no qual mencionam abordagens de ônibus que levam passageiros de São Paulo para o Nordeste", afirma um trecho do relatório da PF.
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"Perfeito, chefe. Acho que é bom, e assim acho que a gente tem que levar em consideração também essa decisão recente do [ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto] Barroso que liberou o transporte gratuito de eleitores no dia 30. Porque vai ser difícil caracterizar o transporte clandestino de eleitor, né?", disse Alcântara.