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Lula afirma que fome ‘decorre, sobretudo, de escolhas políticas’

Presidente lançou, nesta quarta-feira (24), no Rio de Janeiro, a aliança global contra a fome e a pobreza, na esfera do G20

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

O presidente Lula em agenda Ricardo Stuckert/PR - 22.07.2024

Em encontro com países ricos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (24), que a fome não resulta apenas de fatores externos, mas perpassa, sobretudo, pelas “escolhas políticas”. A declaração foi dada durante reunião do G20, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o Brasil apresentou, pré-oficialmente, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.

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“A fome não resulta apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, afirmou Lula. “Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemos em 2014″, acrescentou.

Para a aliança global, o presidente brasileiro relatou que vai aproveitar experiências em outros países. “Nenhum programa vai ser mecanicamente transposto de um lugar a outro. Vamos sistematizar e oferecer um conjunto de projetos que possam ser adaptados às realidades específicas de cada região. Toda adaptação e implementação deverá ser liderada pelos países receptores, porque cada um conhece seus problemas.”

Na cerimônia, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento anunciaram que vão estabelecer um mecanismo financeiro inovador para usar o capital híbrido dos direitos especiais de saque em apoio à aliança. “A aliança tampouco criará fundos novos. Vamos direcionar recursos globais e regionais que já existem, mas estão dispersos”, explicou Lula.


Mapa da Fome

O presidente classificou os dados sobre insegurança alimentar como “estarrecedores”. “A pobreza extrema aumentou pela primeira vez em décadas. O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial estão subnutridas”, detalhou.

Mais cedo, a ONU (Organização das Nações Unidas) apresentou relatório que aponta que 733 milhões de pessoas no mundo estavam com fome, em 2023. No Brasil, o número de cidadãos em situação de insegurança alimentar severa caiu 85%, no ano passado. Ainda assim, a fome afeta 2,5 milhões de pessoas, o que significa que 1,2% da população passa um dia inteiro ou mais sem comer.


Haddad e os super-ricos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que a comunidade internacional tem todas as condições para garantir “a cada ser humano nesse planeta uma existência digna”, mas o que tem faltado é a vontade política”. Em discurso, o titular da área econômica citou dados de um estudo que relaciona a taxação dos chamados super-ricos com o combate à fome e à pobreza.

“Ao redor do mundo, os super-ricos usam uma série de artifícios para evadir os sistemas tributários. Isso faz com que, no topo da pirâmide, os sistemas sejam regressivos, e não progressivos”, disse Haddad. “Se os bilionários pagassem o equivalente a 2% de sua riqueza em impostos, poderíamos arrecadar de 200 a 250 bilhões de dólares por ano, ou seja, aproximadamente cinco vezes o montante que os 10 maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento à fome e à pobreza em 2022″, completou.


Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza

Lula lançou, pré-oficialmente, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, no âmbito do G20, o grupo que reúne as principais economias do mundo. A partir dessa data, os países e instituições interessadas vão poder aderir à iniciativa. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é de que Brasil e Bangladesh sejam os primeiros integrantes.

Segundo o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, o Brasil vai arcar com a metade dos custos administrativos da aliança global, algo em torno de US$ 9 a US$ 10 milhões até 2030. Os custos administrativos, com secretariado e estrutura burocrática da plataforma, devem custar de US$ 18 milhões a US$ 20 milhões. O restante dos recursos virá de países dispostos a colaborar.

O processo de adesão se dá até novembro. A partir daí, os países e as instituições interessadas ainda poderão se inscrever, mas não serão considerados membros fundadores. A reportagem apurou, também, que o G20 foi usado como a plataforma impulsionadora da aliança, mas após o lançamento formal na cúpula do grupo, em novembro, a iniciativa vai operar de forma independente, como plataforma global autônoma.

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