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Lula após fala de Múcio sobre licitação de Israel: ‘Continua meu amigo e ministro da Defesa’

José Múcio, ministro da Defesa, afirmou que ‘questões ideológicas’ teriam barrado a compra de viaturas blindadas de combate

Brasília|Do R7, em Brasília

Fala de Múcio aconteceu no começo da semana Marcelo Camargo/Agência Brasil - 22/08/2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a fala do ministro da Defesa, José Múcio, sobre uma licitação vencida por Israel para o fornecimento de 36 veículos blindados destinados à artilharia do Exército. “Isso não abalou nada a permanência dele no ministério da Defesa”, disse o chefe do Executivo em uma entrevista de rádio nesta sexta-feira (11).

A declaração de Múcio acontece em meio ao distanciamento diplomático entre Brasil e Israel. De acordo com fontes ligadas ao governo de Israel, o assessor especial para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, teria barrado a conclusão do negócio.

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Lula afirmou que falou com o ministro logo após a declaração e o tranquilizou ao telefone. “Aquilo que a gente falou já tá falado, já foi explorado. Esqueça e toca o barco para frente. Se você falou aquilo porque pensava assim, tá ótimo. Se você falou porque cometeu um equívoco, tá ótimo. Você não vai perder comigo um centímetro de importância por conta daquilo”, disse.

Além disso, o presidente deixou claro que o episódio não abalou a relação entre os dois. “O Múcio continua meu amigo e meu ministro da Defesa, [além de] uma pessoa por quem eu tenho não só muita confiança, mas também uma estima profunda pela lealdade dele antes e durante o governo”, ressaltou.


Relembre o caso

Uma declaração do ministro da Defesa, José Múcio, repercutiu bastante nesta semana. O ministro afirmou que questões ideológicas teriam barrado uma licitação no governo federal vencida por uma empresa de Israel. O evento, da Confederação Nacional da Indústria com o Ministério da Defesa, era para a assinatura de um acordo de cooperação para aquecer o comércio de maquinário e produtos militares.

Múcio se referia a uma licitação vencida em abril pelo grupo israelense Elbit Systems para a compra de viaturas obuseiras, veículos blindados com canhões de grande precisão e longo alcance, utilizados em sistemas de artilharia. De acordo com fontes ligadas ao governo de Israel, o assessor especial para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, teria barrado a conclusão do negócio.


Para a professora em direito internacional da Universidade de São Paulo Maristela Basso, a decisão mostra a falta de neutralidade do Brasil, uma vez que o governo permitiu que a ideologia e “simpatia” prevalecessem sobre regras internacionais e do direito humanitário. “Essa questão do Brasil discriminar Israel é muito grave. O Brasil dá um passo nefasto no que diz respeito à conduta comercial, violando regras da OMC, e retirando-se de um acordo de compras públicas no âmbito da OMC”, disse.

De acordo com Basso, a decisão influencia negativamente, ainda, em qualquer tentativa que o Brasil tinha em ocupar uma posição de protagonismo na diplomacia global.


Já o doutor em relações internacionais Igor Lucena explica que as licitações devem estar baseadas em princípios de longo prazo, e não em ideologias. O especialista afirma que a decisão pode trazer complicações no cenário externo, podendo gerar uma diminuição das compras governamentais.

“Fatores ideológicos são extremamente prejudiciais quando a gente faz esse tipo de ponderação. O Brasil não tomar uma atitude em um mundo dividido entre nações autoritárias e nações democráticas pode fazer com que caiamos em uma situação de termos equipamentos piores. Também podemos perder a credibilidade com as nações democráticas.”

Natali Hoff, professora de relações internacionais, entende que é esperado que as licitações e acordos sejam celebrados sem interferências ideológicas. Entretanto, raramente a regra é seguida pelas nações. Porém, Hoff aponta que a atual relação entre Brasil e Israel está entre os fatores que pode ser considerado como justificativa da decisão.

“Estamos vivendo um momento bastante tenso no ponto de vista diplomático, e isso pode estar também afetando essa decisão do governo. Isso certamente pode piorar, ainda mais, nossa relação com Israel”, completou.

Reações

O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel no Senado, Alan Rick (União Brasil-AC), disse nesta quarta-feira (9) que vê com “preocupação” a fala do ministro. “Vemos com preocupação a situação relatada pelo ministro da Defesa ao lamentar que questões ideológicas estejam travando a aprovação da licitação para a compra de blindados de Israel”, disse Rick, em nota enviada ao R7.

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