Lula critica exigências da União Europeia para fechar acordo com o Mercosul
Bloco teme aumento da destruição ambiental na América do Sul, mas presidente diz que europeus não cumprem metas climáticas
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renovou as críticas às exigências feitas pela União Europeia para finalizar um acordo comercial com o Mercosul. Os europeus cobram dos países da América do Sul a garantia de que vão melhorar indicadores de preservação ambiental, mas Lula reclamou que a União Europeia não atua para reduzir a destruição do meio ambiente.
“O Congresso francês disse que não vai querer fazer acordo com o Mercosul porque eles acham que o Brasil pode não cumprir as metas [do Acordo] de Paris. E quem cumpre? Quem deles cumpriu alguma meta agora mais do que nós? Quem deles cumpriu? É importante que a gente seja sério para que possa exigir seriedade dos outros para conosco”, reclamou o presidente nesta terça-feira (27), durante anúncio do Plano Safra 2023/2024, programa de financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país.
Em 13 de junho, a Assembleia Nacional da França aprovou, por 281 votos a favor e 58 contra, uma resolução contrária ao acordo do Mercosul com a União Europeia. O entendimento da maioria dos deputados foi que a atual redação do tratado fere o acordo de Paris sobre o clima e não atende a normas sanitárias e ambientais da União Europeia para a entrada de produtos agrícolas.
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O bloco tem sido mais exigente com a questão ambiental e, em março deste ano, enviou ao Mercosul uma carta para exigir mais por parte de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai para finalizar o tratado. Além disso, o texto formulado pela União Europeia impõe sanções em caso de descumprimento de metas, mas só para o lado sul-americano.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro prepara uma resposta às novas exigências e deve discutir o tema com os demais países do Mercosul. Os sul-americanos querem evitar que sejam estabelecidas punições que não estão previstas nem em acordos sobre o clima que União Europeia e Mercosul já assinaram.
Relação com a Venezuela
Durante a solenidade sobre o Plano Safra, Lula também falou sobre a relação diplomática do Brasil com a Venezuela. Em maio, ele recebeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e reclamou de quem diz que o país vive sob uma ditadura, afirmando que Maduro tem sido “vítima de uma narrativa de antidemocracia e do autoritarismo”.
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Nesta terça, Lula disse que o que acontece na Venezuela não é problema do Brasil. Para ele, o importante é manter a relação comercial entre as nações.
“Esse país [Brasil] não tinha contencioso com nenhum país político. O problema da Venezuela com o povo da Venezuela é da Venezuela. Eu quero saber que a gente tinha um superávit de 4 bilhões de dólares com a Venezuela e que nós precisamos recuperar para exportar nossos produtos e comprar alguma coisa que eles possam nos vender.”