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Lula diz a países mais ricos que solução para crise climática passa por ajuda econômica

Em discurso na cúpula do G7, no Japão, o presidente brasileiro pediu uma transição tecnológica mais igualitária

Brasília|Do R7, em Brasília

Lula discursou em reunião do G7
Lula discursou em reunião do G7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre as dificuldades políticas em combater as mudanças climáticas durante discurso em uma sessão de trabalho da cúpula do G7, no Japão, e mandou um recado aos países mais ricos. Lula destacou a dependência do mundo em relação ao petróleo e disse que não será possível “apostar em soluções mágicas”.

A fala foi uma referência ao Protocolo de Kyoto, um acordo ambiental para redução dos gases que provocam o efeito estufa, firmado em 1997 durante uma convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas. O presidente do Brasil destacou, no entanto, que o documento, assinado por 84 países, “se tornou referência da falta de ação coletiva”.

Em seu discurso, Lula alertou sobre as nações não estarem atuando “com a rapidez necessária para conter o aumento da temperatura global”. “Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa. E, da forma que caminhamos, esse número seguirá aumentando”, disse.

Lula afirmou que a tecnologia poderá ajudar a humanidade a combater as mudanças climáticas mas não será a solução para a crise. “O principal problema é político”, disse. “É por isso que insistimos tanto que os países ricos cumpram a promessa de alocarem 100 bilhões de dólares ao ano à ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não substituem o que foi acordado na COP de Copenhague”, lembrou.


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Para o chefe do Executivo, é preciso valorizar os acordos e as convenções entre as nações, levar em conta quais países mais emitiram gases do efeito estufa e pensar em uma “transição ecológica e justa, que inclui industrialização e infraestruturas verdes, de forma a gerar empregos dignos e combater a pobreza, a fome e a desigualdade”.

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Lula ainda afirmou que, além da ajuda de países ricos para que o combate às mudanças climáticas seja mais igualitário, é necessária a atuação de lideranças. Ele disse que, até o fim do mandato, o país estará exportando sustentabilidade e também enfatizou que a proteção à floresta amazônica faz parte do pacote.


“O Brasil será implacável em seu combate aos crimes ambientais. Queremos liderar o processo que permitirá salvar o planeta. Vamos cumprir nossos compromissos de zerar o desmatamento até 2030 e alcançar as metas voluntariamente assumidas no Acordo de Paris”, garantiu.

Desafios econômicos

Em outra sessão da cúpula do G7, Lula lembrou a crise financeira de 2008, que provocou “retrocessos importantes, como o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio”. “O protecionismo dos países ricos ganhou força, e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada”, afirmou o presidente.

Reunião da cúpula do G7, no Japão, com a participação de Lula
Reunião da cúpula do G7, no Japão, com a participação de Lula

“Os desafios se acumularam e se agravaram. A cada ameaça que deixamos de enfrentar, geramos novas urgências. O mundo hoje vive a sobreposição de múltiplas crises: pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia”, ressaltou.

Lula sugeriu, como solução para os problemas, uma “mudança de mentalidade” no sistema financeiro global, que o deixe “a serviço da produção, do trabalho e do emprego”. “Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real”, disse.

O presidente também citou a crise econômica na Argentina. O país sul-americano tem insistido com outras nações, inclusive o Brasil, na busca de um aporte financeiro que ajude a mitigar os efeitos da crise e a aumentar as reservas de dólares. Ele também pediu uma representatividade maior dos países africanos no G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.

“O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste.”

O presidente ainda reiterou que a busca de uma solução passa por um trabalho conjunto que contemple um número grande de países. “Não faz sentido conclamar os países emergentes a contribuir para resolver as ‘crises múltiplas’ que o mundo enfrenta sem que suas legítimas preocupações sejam atendidas, e sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global”, disse.

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