Lula e Maduro se comprometem em criar mesa para debater dívida da Venezuela com Brasil
Declaração conjunta assinada pelos dois presidentes informa que grupo vai ser criado nos próximos dias
Brasília|Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
Uma declaração conjunta entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nicolás Maduro, da Venezuela, divulgada na tarde desta terça-feira (30), afirma que os ambos os governos se comprometeram em estabelecer uma mesa técnica para debater a dívida do país vizinho com o Brasil. “Instruíram as áreas competentes de ambos os governos a estabelecer um diálogo sobre uma solução para as dívidas existentes, reabrindo os canais comerciais entre os dois países. Nesse sentido, saudaram o estabelecimento de uma mesa técnica para iniciar o tratamento do tema nos próximos dias”, diz o comunicado.
Na última segunda-feira (29), Lula se encontrou com Maduro para duas reuniões, na véspera da Cúpula da América do Sul. O ditador venezuelano havia dito que uma comissão bilateral vai definir os valores da dívida do país vizinho com o Brasil.
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“Você sabe qual é o tamanho da dívida?”, questionou Lula durante declaração rápida a jornalistas. O venezuelano, por sua vez, respondeu: “Vai ser estabelecida uma comissão para saber esse tamanho [da dívida] e para retomar os pagamentos. A comissão vai estabelecer a verdade”.
No mesmo dia, Lula fez críticas às sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Venezuela. Segundo ele, isso é "pior do que uma guerra" e os bloqueios "matam" crianças e mulheres. "Eu sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra, porque na guerra, normalmente, morre soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata crianças, mulheres, pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo", disse o presidente brasileiro em entrevista coletiva após encontro com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Entre as dívidas da Venezuela com o Brasil estão os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O país vizinho deve cerca de R$ 3,5 bilhões; depois vêm Cuba, com R$ 1,22 bilhão, e Moçambique, que deve R$ 628 milhões. Quem faz a cobrança dessas dívidas é o próprio banco, comandado atualmente por Aloizio Mercadante.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, também nesta segunda-feira (29), que o governo federal vai montar um grupo para estabelecer o tamanho da dívida venezuelana. “Vai se constituir um grupo de trabalho para consolidar a dívida da Venezuela frente ao Brasil e, a partir dessa consolidação dos números, reprogramar o pagamento”, disse.