Lula se aproxima do agro, fala de relação com Trump e diz que Maduro é problema da Venezuela
Em entrevista, petista disse que, além da bancada ruralista, relação com o Congresso como um todo melhorou
Brasília|Do R7, em Brasília, com informações do Estadão Conteúdo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não é mais considerado o inimigo da bancada ruralista no Congresso. “Eles estão ficando mais sustentáveis e ambientalistas. Correm o risco de não conseguir vender sua soja, vender sua carne”, disse Lula em entrevista gravada em 6 de novembro e exibida neste domingo (10).
“O agronegócio nunca recebeu tanto dinheiro quanto no governo desse ‘comunista’, que eles tratam assim”, disse Lula. Além da bancada ruralista, a relação com o Congresso como um todo melhorou, segundo o presidente. “Vocês nos ajudaram a chegar onde chegamos”, disse Lula, aos dois senadores. “Estamos aprovando tudo.”
O presidente ressaltou ainda que vê como normal o fato de algumas propostas serem rejeitadas pelos parlamentares.
Na entrevista — concedida ao podcast PODK Liberados, apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF) — o petista falou ainda sobre assuntos como a relação com o presidente eleito Donald Trump, a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Segurança Pública e a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.
Relação com Trump
Em relação a Trump, Lula disse disse que pretende manter uma relação de chefe de Estado com ele, apesar das diferenças políticas entre os dois. “Não cabe a mim gostar de Trump, cabe entender que o povo americano foi soberano para eleger seu presidente”, afirmou.
“Espero que Trump trabalhe pela paz e pelo povo americano, e espero ter uma relação civilizada. Temos relação histórica com os Estados Unidos e queremos manter”, afirmou, ao relembrar os bons contatos que manteve com George W. Bush e Barack Obama durante os dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010.
Nicolás Maduro
Sobre a ditadura de Nicolás Maduro, Lula ressaltou que “é problema da Venezuela, não do Brasil”. “Não posso ficar me preocupando em brigar com Nicarágua e Venezuela, preciso brigar para fazer esse País dar certo”, afirmou o petista.
Segundo Lula, não cabe a ele questionar a Suprema Corte de outro país, em referência à instância máxima do Judiciário da Venezuela, que avalizou a reeleição de Maduro nas eleições de julho, apesar das denúncias de fraude. “Quero que a Venezuela viva bem, e eu vou cuidar do Brasil.”
PEC da Segurança Pública
Durante a entrevista, Lula afirmou também que pretende discutir a PEC da Segurança Pública com os governadores. “Queremos compartilhar com os estados para que a sociedade brasileira possa viver mais tranquila. Não queremos tomar a atribuição dos governadores ou da Polícia Militar”, afirmou.
O presidente também citou a importância do diálogo, inclusive com opositores, algo que, na opinião dele, não ocorria na gestão de Jair Bolsonaro.
A PEC é uma investida do governo para tentar minimizar os problemas da segurança pública, um dos setores mais mal avaliados do governo.
Um dos pontos centrais do texto é a inclusão na Constituição do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), a exemplo do que ocorre com o SUS (Sistema Único de Saúde).
Bets
O presidente disse ainda que não vê problema em acabar com as casas de apostas se a regulamentação do setor não der certo. O petista defendeu uma legislação rigorosa para as bets e citou denúncias de manipulação de resultados de jogos de futebol contra atletas brasileiros.
“Não é possível que a gente tenha manipulação na sociedade brasileira”, disse Lula. “Esses meninos que estão jogando no exterior não têm que entrar em falcatrua. Também está em jogo que tipo de ser humano queremos.”