Nos últimos cinco anos, mais de 20 mil pessoas foram presas no Distrito Federal por descumprirem a lei que trata sobre venda, uso ou porte de drogas ilícitas. Esse número representa 15,6% das prisões efetuadas no entre 2019 e 2023. Os dados foram adquiridos pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo a Polícia Civil do DF, 12,8% (16.453) das prisões dos últimos anos foram ligadas ao artigo 33 da lei de drogas, que proíbe o comércio, a produção, o armazenamento ou o fornecimento de substâncias ilícitas. A pena para esse crime varia de 5 a 15 anos de reclusão, além de pagamento de multa. Já o artigo 28 da mesma lei trata sobre a conduta ilícita de portar drogas para consumo próprio e é considerada uma infração menos grave. Esse crime foi responsável por 2,8% (3.588) das prisões. O professor do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e advogado Antonio Suxberger afirma, no entanto, que o DF ter mais prisões relacionadas à drogas não significa que esses sejam os crimes mais praticados. "Há vários crimes, por exemplo, os patrimoniais sem violência, que, como regra, não motivam um recolhimento à prisão", explica. Ele pontua ainda que existem mecanismos que evitam a judicialização de casos, como por meio de acordos de não persecução penal, e dão celeridade à justiça penal. "Os dados presentes no Distrito Federal não são dados que fazem o DF destoar do restante do Brasil", afirma. Segundo Suxberger, outro motivo que justifica a alta de prisões relacionadas às drogas é que esses crimes motivam o recolhimento à prisão, além do fato que as delegacias possuem sessões de investigação especializadas no assunto. Ele explica que o DF possui cinco varas exclusivas para situações que dizem respeito a entorpecentes, o que é evidenciado no próprio Ministério Público com dez promotorias de Justiça com atribuição especializada na temática de drogas. De acordo com o advogado, essa situação fortalece o controle penal de drogas.