
Veículos elétricos como o Renault Zoe (foto) fazem parte da frota da CEB
Dênio Simões/Agência BrasíliaCada vez mais comuns no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, a chegada dos automóveis elétricos mostra uma mudança no cenário automotivo internacional. Há quem acredite que estes veículos ainda não chegaram a Brasília. O Detran-DF (Departamento de Trânsito do Distrito Federal) prova o contrário: já são 65 os veículos elétricos emplacados no Distrito Federal.
No mês de agosto de 2014, a frota de veículos do Distrito Federal era de 1.539.645 automóveis, de acordo com o Departamento responsável pelo trânsito do DF. O número de veículos movidos à eletricidade corresponde a 0,004% da frota do DF.
De acordo com Augusto César de Mendonça, especialista da UnB (Universidade de Brasília) na área de Consumo Energético e Emissão de Poluentes de Veículos de Transportes, entre os principais fatores para a baixa presença dos automóveis elétricos no País, estão a falta de infraestrutura e de incentivos fiscais.
Mendonça acredita que alguns detalhes considerados cruciais podem decidir a venda destes veículos no Brasil.
— A gente para o carro no shopping. O estabelecimento vai nos cobrar pela energia elétrica que abasteceu o carro, ou não? A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) não permite essa venda. Existem algumas questões que precisam ser organizadas.
O especialista ainda ressalta que o veículo elétrico custa bem mais caro que um automóvel movido à combustão interna (gasolina, etanol e diesel). Mesmo assim, o quilômetro rodado é mais barato aos veículos alimentados pela eletricidade. Mas, na prática, o proprietário teria que rodar bastante para que o preço do carro valha a pena.
Augusto César acredita que a medida começa a partir do governo, que mostra o interesse do país como um todo. A partir daí, o envolvimento pode chegar até o consumidor.
— Você tem que pensar da mesma maneira como foi a chegada do carro a álcool no Brasil.
Ônibus elétrico veio a passeio em 2012. Dois anos depois, fez viagens em várias linhas, durante a Copa do Mundo
Divulgação;ViracoposUso diário em Brasília
Em 2012, o R7 DF já havia feito um passeio em um ônibus elétrico. Neste ano, a TCB (Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília) utilizou um ônibus movido à eletricidade para testes durante a Copa do Mundo. Durante o Torneio de seleções, o veículo fez viagens na linha executiva – que liga o Aeroporto JK à região central de Brasília. Após o Mundial, o ônibus rodou em outras linhas da cidade.
De acordo com a empresa, apenas um ônibus foi utilizado e os testes já foram finalizados. Com autonomia de 250 km, a TCB concluiu que o uso de ônibus elétricos é viável para percursos de média distância. Para o especialista da UnB, os fatores que influenciam para a não adoção de veículos elétricos no transporte público, são claros:
— Essa combinação de [baixa] autonomia com o custo total são as principais causas.
A CEB (Companhia Energética de Brasília) possui quatro veículos elétricos e um quadriciclo, que possuem autonomia entre 100 e 150 km. A aquisição foi feita em comodato, no mês de junho, a partir de uma parceria entre a CEB Distribuição, a Itaipu Binacional, o centro de inovação e engenharia português Ceiia e a Renault-Nissan.
Conforme a assessoria de imprensa da concessionária, os automóveis são utilizados principalmente para serviços externos como Fiscalizações e Vistorias de Campo. O quadriciclo, que tem a menor capacidade de rodagem entre os veículos, é utilizado apenas para serviços internos.

Com autonomia de 100 km, este Renault Twizy é utilizado para serviços internos da CEB
Dênio Simões/Agência BrasíliaApesar do preço elevado de compra de cada veículo, a CEB acredita que a economia é significativa e que com incentivos ou subsídios do governo para compra deste tipo de veículo, a aquisição de mais carros elétricos para a frota da Companhia pode se tornar viável. A entidade diz que a não emissão de gases poluentes é uma vantagem. No entanto, a baixa autonomia impede que estes veículos sejam utilizados em serviços de plantão.
Segundo a assessoria de imprensa da Renault, a marca vendeu 69 veículos elétricos em 2014, em todo o Brasil. A montadora ressalta que as vendas são feitas apenas para pessoas jurídicas e não divulgou estimativas para a comercialização deste tipo de automóvel em 2015.
Projeções futuras
Os mercados dos Estados Unidos e da Europa ainda são referências mundiais quando o assunto é carro elétrico. Mendonça, no entanto, acredita que a presença do carro elétrico na próxima década será muito maior do que na década anterior, e que o Brasil tem uma configuração muito boa para os veículos elétricos, já que conta com uma matriz energética muito boa.
— A tecnologia está madura. Já existem montadoras com veículos prontos para serem vendidos e já utilizados nas ruas europeias. O país não vai ficar de fora disso.
Para o especialista da UnB, o maior número deve ser de veículos elétricos devem ser particulares (veículos leves) e de frotas institucionais. Ele também não acredita que os modelos elétricos vendidos superem os carros de combustão interna tão cedo, já que os movidos à gasolina, diesel e etanol custam muito mais baratos.
*Colaborou Douglas Lemos, estagiário do R7 DF