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Militar diz que Bolsonaro recuou após golpe fracassado no Peru; ex-presidente nega acusações

Documento foi liberado nesta terça-feira pelo STF; ex-presidente diz que golpe nunca esteve em seu dicionário

Brasília|Do R7, com informações Agência Brasil

Bolsonaro nega informações do relatório da PF Isac Nóbrega/PR -

A prisão do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, no dia 7 de dezembro de 2022, teria sido um dos motivos para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não avançar na tentativa de um golpe de Estado. Essa foi a avaliação do tenente-coronel Sérgio Cavaliere, do Exército, um dos 37 indiciados pela suposta tentativa de golpe em 2022.

De acordo com a Polícia Federal, esta também é a avaliação de uma espécie de “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”. As acusações, no entanto, são negadas por Bolsonaro (veja posicionamento abaixo).

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“E o presidente não vai embarcar sozinho porque pode acontecer o mesmo que no Peru. Ele está com decreto pronto ele assina e aí ninguém vai ele vai preso. Então não vai arriscar (...)”, disse o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, segundo a PF, em uma gravação de áudio no dia 20 de dezembro de 2022. O presidente peruano foi destituído do cargo e preso depois de tentativa frustrada de dar um golpe ao anunciar que fecharia o Congresso.

Segundo o inquérito da PF, na mesma ocasião, Cavaliere teria respondido ao coronel Gustavo Gomes: “não vai rolar nada“ depois de perguntado se haveria “algo de novo no front”. Ele lamentou que o Alto Comando do Exército não aderiu ao suposto golpe e que a Marinha aceitou, mas necessitaria da participação de outra Força, pois ”não guenta [sic] a porrada que vai tomar sozinha”.


Cavaliere ainda atacou integrantes do Alto Comando. “Nossos líderes, formados naquela escola de prostitutas né, por escolherem um lado, o seu lado lado pessoal, em detrimento do povo”.

‘Dentro das quatro linhas’

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou as informações do relatório da PF. Segundo ele, a palavra golpe “nunca esteve no dicionário”. “Vamos tirar da cabeça essa história de golpe, ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe”, afirmou.


Bolsonaro acrescentou ainda que se alguém fosse discutir golpe com ele, o ex-chefe do Executivo questionaria como ficaria o dia seguinte. “Eu falaria ‘tudo bem, e o after day? Como fica o dia seguinte? Como fica o mundo perante a nós? Todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, estudei”, declarou.

“Golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante”, finalizou.


O relatório levou ao indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas. A PF indiciou os investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Veja a lista completa dos indiciados:

  • Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
  • Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  • Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
  • Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022
  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL
  • Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação)
  • Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército
  • Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
  • Amauri Feres Saad, advogado
  • Anderson Lima de Moura, coronel do Exército
  • Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército
  • Bernardo Romao Correa Netto, coronel do Exército
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro
  • Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército
  • Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército
  • Fabrício Moreira de Bastos
  • Fernando Cerimedo, consultor político
  • Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército
  • Guilherme Marques de Almeida, coronel do Exército
  • Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército
  • José Eduardo de Oliveira e Silva, padre
  • Laercio Vergilio, general da reserva do Exército
  • Marcelo Bormevet, policial federal
  • Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército
  • Mario Fernandes, general da reserva do Exército
  • Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército
  • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, economista e blogueiro
  • Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército
  • Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército
  • Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro
  • Wladimir Matos Soares, policial federal

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