Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania está de pé e vivo, diz nova ministra em posse
Em cerimônia, Macaé Evaristo relatou que sua maior credencial é ser “uma pessoa absolutamente comum”
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, tomou posse do cargo durante cerimônia, realizada nesta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto, em Brasília. Na agenda, a nova integrante do governo federal afirmou que a sua maior credencial é ser “uma pessoa absolutamente comum: uma mulher preta, professora e assistente social”. Além disso, disse que a pasta está de pé e viva.
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Macaé assume o posto antes ocupado por Silvio Almeida, demitido por Lula em 6 de setembro, após as denúncias de assédio sexual. As suspeitas contra o ex-ministro dos Direitos Humanos foram divulgadas pelo movimento ‘Me Too Brasil’, e uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, presente no evento. O acadêmico nega as acusações.
Durante a cerimônia, a ministra afirmou que o ministério está de pé, vivo e com tarefas concretas. “E para quem diz que esse ministério tem desafios demais, eu respondo com Guimarães Rosa: “Todo caminho da gente é resvaloso, mas também cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe e a gente volta”. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania está de pé. Está vivo! Temos tarefas concretas e muita coisa por fazer”, disse Macaé.
Na cerimônia, a escritora Conceição Evaristo leu o poema ‘Vozes-Mulheres’, incluso no livro Poemas da Recordação e Outros Movimentos, lançado em 2017. “A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome. A voz de minha filha recolhe todas as nossas vozes, recolhe em si as vozes mudas, caladas, engasgadas nas gargantas”, diz trecho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, mas não discursou.
O caso
Em sua primeira visita ao ministério, no último dia 9, Macaé afirmou que era preciso sair do luto e ir para a luta. “A minha expectativa é que a gente consiga, da forma mais transparente, para todos vocês, dar celeridade às prioridades para que o ministério funcione e dê respostas à sociedade. Esse ministério tem políticas [públicas] que são muito importantes e que precisam, como eu falei: a gente precisa sair desse luto e ir para a luta”, disse na ocasião.
Recentemente, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça autorizou a abertura de inquérito para investigar Almeida. Além disso, a Polícia Federal enviou à corte o relatório de uma apuração preliminar sobre o caso. O documento tem o depoimento de uma suposta vítima do ex-titular dos Direitos Humanos.
Com a autorização de Mendonça para a abertura do inquérito, a corporação vai investigar todos os casos suspeitos de assédio enquanto Almeida era ministro e episódios anteriores, por correlação. Nesse primeiro momento, o ex-ministro não será intimado a falar. A corporação vai trabalhar ainda na busca de possíveis outras vítimas.