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R7 Brasília

Ministro usará COP26 para abrir mercado de créditos de carbono

Em audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, afirmou que Brasil se tornará exportador internacional de créditos de carbono

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Em descrédito com a comunidade internacional após uma série de participações consideradas negativas em encontros de lideranças para discutir cuidados com o meio ambiente, o governo federal trabalha para mudar a imagem na Conferência das Partes (COP) 26, evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorre em novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia. O objetivo do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, é posicionar o Brasil como exportador de crédito de carbono para países que não cumprem a meta de redução dos gases de efeito estufa.

Para isso, o caminho a ser sustentado pelas lideranças brasileiras durante o encontro mira o artigo 6 do Acordo de Paris, que cria instrumentos de mercado visando a redução de emissões de gases. Segundo Leite, a defesa é pela consolidação de um mercado internacional de crédito de carbono regulado e obrigatório, "principalmente para países que tenham base industrial e uma matriz energética suja assumam essa conta comprando crédito de carbono de um Brasil que muito provavelmente será um exportador", esplanou o ministro, durante audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (24/8).

O governo federal pretende, com isso, melhorar a imagem do Brasil entre a comunidade internacional. "O Brasil vai usar o indicador de vender crédito para mostrar a capacidade de produzir e, ao mesmo tempo, reduzir emissões", disse Leite, completando que o Acordo de Paris "é oportunidade econômica e ambiental" que posicionaria positivamente o País nas questões ambientais.

Pela grande produção de energia limpa e capacidade de reflorestamento, o Brasil possui vantagem na geração de crédito de carbono. Por isso, torna-se um potencial fornecedor do crédito a países que precisam compensar a emissão de gases. Um levantamento feito pela Moss, primeira bolsa de carbono do país, estima que o mercado na área tem potencial de atrair US$ 45 bilhõoes em uma década. O valor médio do crédito de carbono está em US$ 10.


Falta, no entanto, uma regulamentação global mais clara em torno desta negociação, sobretudo para que não estimule países indutriais a manterem os elevados graus de poluição e o uso de matrizes de energia suja pela possibilidade da fácil compensação.

Recuperando credibilidade


A cobrança internacional por uma atuação mais efetiva das autoridades brasileiras contra o desmatamento e as queimadas se intensificou na última Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em setembro de 2020. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a devastação da floresta amazônica e do pantanal e culpou indígenas e caboclos por queimadas. Alegou, ainda, que exitia uma tentativa da comunidade internacional em desmerecer o posicionamento do País na disputa comercial.

"A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil", justificou o presidente da República.

Já no discurso na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, em abril deste ano, Bolsonaro adotou um discurso mais moderado e com base em promessas, sem conseguir, ainda, reverter o descrédito brasileiro frente à comunidade internacional. Indício disso foi o fato do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anfitrião do evento, não ter acompanhado o discurso do mandatário brasileiro. Biden frisou, citando o Brasil, que "os compromissos que nós fizemos precisam se tornar realidade".

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