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Moraes tira sigilo de gravação de reunião de Bolsonaro com ex-diretor da Abin

Ex-presidente e Ramagem teriam falado sobre como contornar investigação sobre rachadinha envolvendo Flávio Bolsonaro

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em BrasíliaOpens in new window

Gravação foi feita em 2020
Gravação foi feita em 2020 Carolina Antunes/PR - 11.7.2019

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes decidiu tirar o sigilo do áudio obtido pela Polícia Federal de uma reunião em 2020 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem na qual os dois tratam sobre medidas para tentar livrar o senador Flávio Bolsonaro (PL) de uma investigação da Receita Federal sobre supostos desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete dele na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual.

A gravação revela que Bolsonaro sugeriu às advogadas do filho conversar com o então secretário da Receita, José Barroso Tostes Neto, para anular relatórios produzidos pelo órgão contra Flávio. No diálogo com a defesa do senador, o ex-presidente também prometeu levar o tema ao ex-presidente da Dataprev, Gustavo Canuto. “Vou conversar com ele sozinho”, disse Bolsonaro.

“Ninguém tá pedindo favor aqui. É o caso conversar com o chefe da Receita? O Tostes”, disse Bolsonaro. Na reunião, estavam presentes duas advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem.

A sugestão de conversar com Canuto surgiu após as advogadas de Flávio pedirem que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) investigasse os acessos de auditores da Receita aos sistemas do órgão para a produção de RIFs (Relatórios de Inteligência Financeira) contra Flávio.


Segundo elas, os responsáveis pela investigação do senador teriam elaborado os relatórios de forma ilegal, e uma eventual investigação do Serpro conseguiria identificar as supostas irregularidades para cancelar as provas feitas contra o senador.

“É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto”, disse Bolsonaro.


“Vou conversar com ele sozinho. Tá certo? E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém”, completou.

Além disso, o ex-presidente disse que o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, pediu uma vaga no Supremo Tribunal federal em troca de resolver o caso de Bolsonaro.


A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. De acordo com a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, com o objetivo de anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.

Também participaram dessa reunião o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e duas advogadas de Flávio.

O que dizem as defesas

Nas redes sociais, um dos advogados do ex-presidente, Fabio Wajngarten, diz que a gravação “só evidencia o quanto o presidente Jair Bolsonaro ama o Brasil e o seu povo”.

Em nota, Flávio Bolsonaro negou qualquer irregularidade por parte das advogadas dele. “Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente.”

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