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MPDFT investiga Serasa por bloquear celular de devedores

Inquérito civil apura suposta restrição de acesso a serviços em aparelhos de clientes que pararam de pagar parcelas a credores 

Brasília|Priscila Mendes, do R7, em Brasília

Inadimplentes tiveram seus celulares bloqueados e limitados a chamadas de emergência
Inadimplentes tiveram seus celulares bloqueados e limitados a chamadas de emergência

O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) abriu um inquérito civil público para investigar a conduta da Serasa e da empresa SuperSim Análise de Dados por suposto bloqueio de celulares de clientes que pararam de pagar parcelas aos credores. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União na última segunda-feira (7).

As empresas têm até dez dias para informar se contam com autorização da Anatel (Agência Brasileira de Telecomunicações) e do Banco Central para realizar essa intervenção. Os envolvidos também deverão enviar os contratos firmados com os clientes que preveem o uso dos aplicativos como garantia contra devedores. 

A Prodecon (Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor) declarou que os relatos são de que os aparelhos dos inadimplentes chegaram a ser travados e os clientes passaram a ter acesso somente a ligações de emergência.

Na página da Serasa eCred — que atua como correspondente financeira dos bancos CBSS, Pan, Votorantim e Finamax —, a empresa diz que somente “após a efetivação do pagamento da fatura em aberto o celular é desbloqueado automaticamente”.


O mesmo acontece no aplicativo da SuperSim, que também tem a função de bloqueio remoto mediante o não cumprimento de parcelas de empréstimo oferecidas pelo banco. Essa empresa atua como correspondente da Socinal Financeira. 

Em nota, o MPDFT afirma que há indícios de irregularidades e desrespeito ao CDC (Código de Defesa do Consumidor) e à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que veda a impossibilidade de o titular das informações acessar seus próprios dados, sob fins discriminatórios ilícitos ou abusivos.


"O objetivo do inquérito é analisar o funcionamento do aplicativo de bloqueio de dados e verificar se são usados mecanismos ilícitos para interferência remota em bens particulares", diz trecho da nota. 

O que dizem a Serasa e a SuperSim

Em nota enviada ao R7, a Serasa informou que ainda não foi intimada pelo MPDFT, mas reforçou que cumpre rigorosamente a legislação vigente. "A Serasa não atua como correspondente bancário na operação questionada e esclarece que não é a responsável pela concessão de crédito, tampouco pela operação de aplicativos de outras empresas que eventualmente realizem bloqueio de celulares", diz trecho do informativo.


A empresa afirmou que o Serasa e-Cred é apenas uma plataforma (market place) que aproxima consumidores a diversas empresas que concedem crédito em várias modalidades, como empréstimo pessoal e cartão de crédito. 

De acordo com a instituição, as ofertas disponíveis e as condições de contratação são de inteira responsabilidade das empresas concedentes de crédito, cabendo ao consumidor escolher a opção que se encaixa na sua necessidade.

O R7 entrou em contato com a SuperSim e aguarda posicionamento da empresa. 

Em nota, a empresa Finamax informou que não trabalha com o produto "Empréstimo com garantia de celular" e que oferece apenas crédito pessoal convencional por meio das plataformas digitais. O comunicado ainda ressalta que o bloqueio de aparelhos telefônicos de clientes devedores não é uma prática da empresa.

"A Finamax preza por uma atuação baseada na boa conduta ética, e trabalha em conformidade com todas as leis e resoluções do Banco Central para atividades financeiras, o Código de Defesa do Consumidor e a Lei Geral de Proteção de dados", diz trecho da nota. 

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