Brasília MPF manda WhatsApp coibir venda de remédios abortivos no Brasil

MPF manda WhatsApp coibir venda de remédios abortivos no Brasil

Órgão deu 30 dias para empresa desabilitar perfis que anunciam medicamentos abortivos

  • Brasília | Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Venda de remédios pela internet é considerado crime no Brasil

Venda de remédios pela internet é considerado crime no Brasil

Pexel

O MPF (Ministério Público Federal) cobrou que o Facebook desabilite em até 30 dias os perfis do WhatsApp que negociam a venda de remédios abortivos no Brasil, o que é ilegal. No país, a venda de medicamentos on-line é uma atividade permitida exclusivamente a farmácias e drogarias e somente com a devida licença sanitária e autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

No ano passado, o MPF já tinha acionado o escritório do Facebook no Brasil para que perfis que praticavam o comércio ilegal de remédios abortivos nessa rede social e no Instagram fossem excluídos. A empresa atendeu a essa solicitação, mas disse que não poderia fazer o mesmo em relação ao WhatsApp alegando que esses dados seriam gerenciados por empresa sediada no estado de Delaware, nos Estados Unidos, que não faz parte do Facebook Brasil.

O argumento da empresa não foi aceito pelo MPF. Segundo o procurador da República Fernando de Almeida Martins, "de acordo com o Marco Civil da Internet, o WhatsApp, enquanto empresa estrangeira que presta serviços no Brasil, sujeita-se à legislação brasileira, não cabendo recusa ao cumprimento de ordem judicial".

"O Facebook do Brasil precisa adotar as mesmas medidas quanto aos grupos e telefones que comercializam ilegalmente esses medicamentos por meio do aplicativo de WhatsApp, porque somente a desabilitação dos perfis nas outras redes sociais não impede a continuidade da conduta ilegal", frisou o procurador na decisão.

Segundo ele, "é público e notório que, nos últimos dois anos, esse aplicativo de mensagens instantâneas tornou-se o canal mais utilizado para a venda on-line de produtos no comércio tradicional e, como foi apurado pela nossa perícia, os perfis no Instagram e Facebook anunciavam os medicamentos abortivos, mas a negociação efetivamente ocorre por meio do WhatsApp".

Em nota, o WhatsApp informou que não permite o uso do serviço para fins ilícitos ou que instigue ou encoraje condutas que sejam ilícitas ou inadequadas. A empresa ainda destacou que não foi formalmente intimada pelo MPF, mas que está à disposição para cooperar com as autoridades brasileiras.

Confira a íntegra da nota:

Até o momento, o WhatsApp não foi formalmente intimado pelo MPF a respeito do caso. O WhatsApp destaca que respeita a legislação aplicável e está à disposição para cooperar com as autoridades brasileiras. Por utilizar criptografia de ponta a ponta como padrão, o WhatsApp não tem acesso ao conteúdo das mensagens trocadas entre usuários. O aplicativo encoraja que as pessoas reportem condutas inapropriadas diretamente nas conversas, por meio da opção “denunciar” disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar). Os usuários também podem enviar denúncias para o email support@whatsapp.com, detalhando o ocorrido com o máximo de informações possível e até anexando uma captura de tela. Como informado nos Termos de Serviço e na Política de Privacidade do aplicativo, o WhatsApp não permite o uso do seu serviço para fins ilícitos ou que instigue ou encoraje condutas que sejam ilícitas ou inadequadas. Nos casos de violação destes termos, o WhatsApp toma medidas em relação às contas como desativá-las ou suspendê-las. Para cooperar com investigações criminais, o WhatsApp pode também fornecer dados disponíveis em resposta às solicitações de autoridades públicas e em conformidade com a legislação aplicável.

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