MPF pede acesso a relatórios da Abin feitos antes dos atos de 8 de janeiro
O pedido foi encaminhado nesta terça-feira (2) ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O Ministério Público Federal pediu ao Senado que forneça à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência uma cópia dos relatórios de inteligência recebidos ou disponíveis que tenham conexão com os atos extremistas em Brasília no dia 8 de janeiro.
A petição é do coordenador do grupo estratégico da Procuradoria-Geral da República, Carlos Frederico Santos, e foi encaminhada nesta terça-feira (2) ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes.
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
Na petição, Carlos Frederico menciona informações divulgadas pela imprensa segundo as quais a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu, entre 2 e 8 de janeiro de 2023, alertas sobre os potenciais atentados às sedes dos três Poderes.
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou na quinta-feira (27) um pedido para ouvir o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, que estava à frente do õrgão durante os atos extremistas do 8 de Janeiro, em Brasília. O depoimento ainda não tem data marcada.
A iniciativa de ouvir Cunha partiu do senador Esperidião Amin (PP-SC), para quem a Abin foi "omissa" durante o episódio de depredação na capital federal.
Atos extremistas
Os atos extremistas que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, completaram cem dias no dia 18 de abril, com um prejuízo material de R$ 20,7 milhões.
Leia também
O julgamento dos cem primeiros denunciados começou em 25 de abril, em plenário virtual, e continuará até esta terça (2). No plenário virtual, os ministros apenas apresentam os votos, e não há discussão. Se houver um pedido de vista (mais tempo para avaliar o caso), o julgamento do 8 de Janeiro será suspenso. Caso ocorra um pedido de destaque (interrupção do julgamento), a decisão será levada ao plenário físico.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados no inquérito com foco nas investigações sobre a responsabilidade de autores intelectuais dos atos e daqueles que instigaram as invasões e depredações.
Ele foi ouvido pela Polícia Federal no dia 26 de abril. Segundo a defesa, o ex-presidente respondeu a todas as perguntas feitas. Questionados sobre as críticas de Bolsonaro ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas, os advogados do ex-titular do Palácio do Planalto consideram o assunto encerrado.
“O presidente disse que esse assunto está encerrado e que as eleições de 2022 são página virada. A partir do momento da derrota, ele fez a transição e deixou o país no dia 30”, afirmou o advogado Daniel Tesser após o depoimento da última quarta-feira (26), que durou cerca de três horas.
Identificação de participantes
A Advocacia-Geral da União (AGU) usou postagens nas redes sociais para identificar pessoas que participaram dos atos extremistas e pedir a punição delas. Em uma nova ação enviada à Justiça, na sexta-feira (28), a AGU mirou 27 extremistas identificados no relatório de inteligência da Polícia do Senado Federal para solicitar que eles sejam condenados a ressarcir os danos causados ao patrimônio público.
Os vândalos que viraram alvo da ação fizeram postagens nas redes sociais para comemorar a invasão do prédio do Congresso Nacional e o confronto com os policiais legislativos. Se a Justiça acolher a ação da AGU, essas pessoas terão de arcar com os prejuízos financeiros causados pelas depredações.