Múcio antecipa volta das férias para acompanhar repatriação de brasileiros no Líbano
Nesta quarta, o governo federal realizou o primeiro voo com destino ao aeroporto de Beirute para repatriar brasileiros na zona de conflito
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília e Natália MartinsOpens in new window
O ministro da Defesa, José Múcio, decidiu antecipar o fim das férias para acompanhar a operação de repatriação dos brasileiros no Líbano. No último sábado (28), Múcio havia embarcado com a família para os Estados Unidos. Em meio a escalada do conflito entre Israel e Hezbollah, o governo federal realizou nesta quarta-feira (2) o primeiro voo com destino ao aeroporto de Beirute para repatriar brasileiros na zona de conflito.
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Na noite desta segunda-feira (30), as Forças de Defesa de Israel invadiram o território do Líbano. A iniciativa é a primeira desde 2006, quando os dois países estavam em guerra. As tensões começaram a subir após o grupo terrorista Hezbollah iniciar uma série de ataques contra Israel, desde 7 de outubro do ano passado, em apoio ao Hamas, que atua na Faixa de Gaza.
O retorno do ministro ocorre, ainda, um dia após o avião presidencial, que transportava Luiz Inácio Lula da Silva e diversas autoridades, apresentar problemas técnicos na volta do México para o Brasil. Em nota, a FAB havia informado que a aeronave presidencial “apresentou um problema técnico após a decolagem do Aeroporto da Cidade do México”.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o primeiro voo deve acomodar até 240 pessoas. Para operação, a FAB (Força Aérea Brasileira) designou uma aeronave KC-30, que decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, e terá uma escala prevista em Lisboa, onde deve aguardar orientação para pousar em Beirute.
Especialistas ouvidos pelo R7 apontam que o Brasil não deve enfrentar dificuldades diplomáticas para repatriar seus cidadãos, mesmo sendo uma operação considerada “complexa”. Segundo a professora de relações internacionais Natali Hoff, a instabilidade regional pode dificultar a logística.
Além da rota por Beirute, Hoff explica que o governo estuda outros caminhos para retirada dos brasileiros, como os que passam por Síria, Turquia e Chipre. “Essas rotas estão sendo discutidas, mas existe todo um campo de negociação sobre elas, que, do ponto de vista diplomático, são bastante complexas e ajudam a gente a entender esse atraso”, completa.
Influência do Brasil na guerra
Desde a escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah, o governo brasileiro tem se mostrado contra os ataques no Líbano. Apesar de o país tentar ocupar uma posição de protagonismo na diplomacia global, as críticas feitas ao governo israelense podem limitar o papel do Brasil na resolução de um acordo de paz entre as nações envolvidas. Para especialistas ouvidos pelo R7, mesmo que o país se apresente como um ator capaz de mediar conflitos internacionais, a relação atual com Israel coloca o Brasil em uma condição pouco favorável e influente para a situação.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o governo israelense e questionou a falta de ação da ONU para mediar o conflito. Além de condenar a guerra na Ucrânia, o petista considerou os ataques do país contra os grupos terroristas Hamas e Hezbollah uma “matança desnecessária”. No último dia 27, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto durante os bombardeios no Líbano.
A professora de relações internacionais Natali Hoff explica que a nação atuante como mediadora em um conflito deve ser aceita por ambas as partes. Neste caso, a especialista entende que o Brasil deve ocupar um papel mais significativo no fomento de discussões sobre paz (leia mais aqui).