Mulher finge pedir hambúrguer por telefone para chamar a polícia
A vítima era mantida em cárcere privado desde sábado e ligou para o 190 com o pretexto de pedir comida. A PM prendeu o agressor
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
Uma jovem de 19 anos, que vinha sendo estuprada e mantida sob ameaça em cárcere privado desde sábado (16), fingiu pedir comida por telefone para escapar da violência. O caso aconteceu na QR 402 em Samambaia, no Distrito Federal. A Polícia Militar prendeu o suspeito na tarde desta segunda-feira (18).
O policial militar que atendeu à ligação disse ter ouvido a voz do agressor ao fundo, em tom ameaçador. Segundo o agente, foi isso que o levou a compreender a mensagem cifrada, e a equipe do 11º Batalhão resgatou a vítima. Ela disse que era amiga do agressor e que foi visitá-lo no sábado. O homem, porém, não permitiu que ela fosse embora ou que falasse ao telefone, e passou a estuprá-la.
O R7 teve acesso à integra da gravação do telefonema, de pouco mais de um minuto e meio, em que a vítima fingiu estar pedindo comida para buscar socorro. Durante a conversa, o policial fica em dúvida nos primeiros segundos. Ela pergunta duas vezes se é da “hamburgueria”, e ele reitera que não. “Acabei de te falar que é da Polícia Militar, senhora”, ele adverte.
Ela insiste. “Eu sei. Eu queria pedir um hambúrguer.” O policial, então, compreende, entra no jogo e pergunta onde a vítima mora. Ela dá o endereço da casa do agressor. O atendente pede uma referência. Diz que vai pedir urgência, e a mulher ainda avisa que o cartão é por aproximação. Ouça o trecho da ajuda:
De acordo com a assessoria de comunicação da PM, o agressor cumpria prisão domiciliar por outros crimes. Os policiais o levaram à 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte). Ele responderá por cárcere privado e estupro.
Caso semelhante
Em 30 de setembro, em um caso semelhante, uma mulher ligou para a polícia e fingiu pedir uma pizza para escapar das ameaças do marido. O policial entendeu a mensagem e destacou uma equipe, que foi até a casa do casal, na QNP 28 de Ceilândia.
Quando a equipe chegou ao local, o irmão da vítima os esperava e confirmou que o marido a agredia constantemente. Os militares encontraram a mulher com o filho bebê no colo, enquanto o marido, de forma ameaçadora, amolava uma faca diante dela e dizia que iria matá-la.
O caso está a cargo da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro). A mulher disse que tinha medo de denunciar o agressor por causa de ameaças recorrentes. Ela também disse aos policiais que as ameaças eram uma repetição da própria história familiar, e que o pai dela fazia o mesmo com a mãe, e acabou por matá-la.