‘Não criamos esse problema, mas queremos resolver’, diz Alckmin sobre tarifaço de Trump
Segundo o vice-presidente, Lula pede que as negociações com os EUA não tenham ‘contaminação política nem ideológica’
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira (24) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está “empenhado” em reverter a taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apesar de não ter “criado o problema”.
Desde que o norte-americano anunciou a taxa de 50% a todos os produtos brasileiros comprados pelos EUA, há duas semanas, a gestão federal tenta rever a determinação.
“Não criamos esse problema, mas queremos resolver e estamos empenhados em resolver. É um diálogo, não é monólogo, são duas partes”, destacou o vice-presidente a jornalistas, após mais uma rodada de debates com empresários e setores mais impactados pelo anúncio de Trump.
Segundo Alckmin, a orientação de Lula para as negociações do tarifaço é manter o diálogo livre de “contaminações políticas ou ideológicas”.
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“Destacando, o presidente Lula tem orientado negociação. Não ter contaminação política nem ideológica, mas centrar na busca de solução para a questão comercial”, acrescentou.
“Em vez de ter um perde-perde, com inflação nos EUA e diminuição das nossas exportações para o mercado norte-americano, invertemos isso: resolvermos os problemas, aumentarmos a complementariedade econômica, a integração produtiva, os investimentos recíprocos, discutirmos a não bitributação — enfim, avançarmos em uma agenda extremamente positiva", completou Alckmin.
A intenção do governo federal é, a partir da próxima segunda-feira (28), ter coletivas de imprensa diárias para atualizar o andamento das negociações.
‘Conversa longa’ no sábado
O vice-presidente informou ter conversado também com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, na tarde do último sábado (19).
“Uma conversa longa que, entendo, importante, colocando todos os pontos. E destacando o interesse na negociação”, destacou Alckmin, ao afirmar que o Brasil “nunca saiu da mesa de negociação”.
“Reiteirei a disposição do Brasil de negociação. Queremos, essa é a disposição”, reforçou, destacando a longa relação comercial entre as duas nações.
“Temos uma tradição de 200 anos com os EUA. Não é possível o país sofrer uma injustiça dessa. Não tem nenhuma razão de natureza econômica, comercial, de alíquota, de política tarifária. Não se justifica. Então, o empenho em resolver”, completou Alckmin.
Encontro com senadores que vão aos EUA
O vice-presidente informou, ainda, ter se reunido com os senadores que vão aos Estados Unidos na próxima semana.
A expectativa é que o grupo, formado por oito parlamentares, viaje ao país entre a próxima segunda (28) e quarta-feira (30). A comitiva é liderada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Alckmin, contudo, não apresentou detalhes da reunião com os congressistas.
Nessa quarta (23), o grupo definiu as estratégias da viagem com o Ministério das Relações Exteriores.
“A agenda técnica vai terminar de ser concluída até o fim desta semana. Vamos nos reunir com empresários, americanos que têm negócios com o Brasil, empresários brasileiros que têm negócios nos EUA e parlamentares americanos”, afirmou Trad, após o encontro com o Itamaraty.
‘Sou bom de truco. Ele vai tomar um seis’
Mais cedo nesta quinta, Lula voltou a criticar a decisão de Trump. O petista afirmou que o norte-americano “não quer conversar”.
“Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis”, declarou, em referência ao jogo de cartas.
“Ele [Donald Trump] não quer conversar. Se quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava. Eu conversei com o [ex-presidente dos Estados Unidos, Bill] Clinton, com o [ex-presidente dos EUA, Barack] Obama, com o [presidente da Rússia, Vladimir] Putin, com o [presidente chinês] Xi Jinping, conversei com o [ex-presidente dos EUA, Joe] Biden. Eu converso com a Índia, com o Canadá, ontem conversei 40 minutos com a presidente do México [Claudia Sheinbaum]. [Mas] ele [Trump], não quis conversar”, lamentou Lula.
Relembre
Em 9 de julho, Donald Trump anunciou que vai cobrar 50% de todos os itens do Brasil comprados pelos EUA a partir de 1º de agosto.
Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
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