‘Não quero supremacia branca nem negra’, declara Lula em São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (4) não desejar que o Brasil seja uma “supremacia, nem branca nem negra”. A fala ocorreu em Campinas (SP), durante agenda voltada para a saúde pública. “Eu não quero supremacia branca neste país. Também não quero supremacia negra. Quero um país de forma civilizada, um país que tenha diversidade, mas um país que saiba conviver de forma respeitosa entre seus seres humanos. Mais fraternidade, amor, carinho, democracia e paciência. Menos armas e menos ódio”, declarou o petista, ao lado de ministros.

“Eu quero um país em que a gente não tire direito de ninguém. Eu não quero tirar direito de ninguém”, completou Lula, ao garantir que “não vai faltar dinheiro para educação”. Nessa quarta (3), após reunião com o presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Executivo vai cortar R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias. As áreas atingidas ainda não foram divulgadas.

Lula disse que, hoje, o filho do rico passa no vestibular das universidades públicas e os mais pobres precisam cursar em instituições particulares. “É o filho do pobre que paga a universidade que o filho do rico poderia pagar. Eu nem acho que o filho do rico também devesse pagar. Se ele pagar imposto correto, a gente tem o direito de oferecer ensino gratuito e de qualidade”, opinou, ao declarar que “obviamente vai ter calote” no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

“O que fizemos para garantir que a meninada pegasse dinheiro do Fies? O governo foi o fiador, o governo acredita que é possível esses caras pagarem. Obviamente que vai ter calote, todo mundo sabe aqui. Tem cara que é bom pagador e não gosta de dever, e tem cara que, se puder não pagar, não paga. Se esses alunos derem calote, a gente sempre tem perspectiva de cobrar deles, porque eles vão pagar imposto de renda em alguma atividade. Mas se eu não investir, eles vão ficar mais caros, porque se não der para ele uma perspectiva de futuro, de profissão, de instituto federal ou de faculdade, esse cara pode ser desencaminhado. A desgraça paira no ar e, se não tomar cuidado, a gente pega ela”, completou.

Durante o discurso, Lula aproveitou para elogiar o posicionamento político do jogador de futebol francês Kylian Mbappé, que defende o time Real Madrid. “Vocês viram uma declaração do Mbappé, na França? Exortando o povo francês a não permitir que os fascistas e nazistas voltem a governar a França, porque eles sabem o que é o nazismo, porque viram na pele a ocupação nazista na França. Um jogador de futebol, que poderia ser igual a tantos outros. Não, mas ele teve uma formação, aprendeu aquilo na escola ou com o pai e a mãe”, afirmou.

Agenda

O presidente lançou nesta quinta (4), em Campinas (SP), a pedra fundamental de um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em doenças. O laboratório Orion é ligado ao CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), organização social ligada ao MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação). A iniciativa vai receber R$ 1 bilhão do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) até 2026, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

O objetivo é reforçar a produção nacional em saúde para fortalecer as ações brasileiras contra eventuais pandemias. O Orion será o primeiro complexo laboratorial de máxima contenção biológica do mundo. A infraestrutura do local será aberta e vai atender a saúde pública do país. As instalações do laboratório serão conectadas a um acelerador de partículas.