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No DF, 206 mil lares estão em situação de insegurança alimentar

Pergunta inédita foi incluída em pesquisa da Codeplan, usada como base para políticas públicas, divulgada nesta segunda-feira (9)

Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília

Insegurança alimentar é situação de mais de 20% dos lares do DF, diz pesquisa
Insegurança alimentar é situação de mais de 20% dos lares do DF, diz pesquisa Insegurança alimentar é situação de mais de 20% dos lares do DF, diz pesquisa

No Distrito Federal, um em cada cinco domicílios está em situação de insegurança alimentar, aponta a PDAD (Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios), divulgada nesta segunda-feira (9) pela Codeplan. A condição é definida pela falta de acesso a alimentação na quantidade e regularidade para satisfazer as necessidades básicas.

São 206.340 residências do DF nessa situação, o que corresponde a 21,6% do total (953.871 domicílios). Em 26,4% desses lares, quando há pelo menos uma pessoa com mais de 18 anos, alguém deixou de comer por falta de dinheiro para adquirir os alimentos. Nas casas com pelo menos uma pessoa menor de 17 anos em situação de insegurança alimentar, essa situação se repetiu em 29,2% dos domicílios.

O levantamento, que deveria ter sido atualizado em 2020, teve a coleta de dados adiada por causa da pandemia de Covid-19. Com isso, as entrevistas em 35,5 mil domicílios ocorreram entre maio e dezembro de 2021 nas 33 regiões administrativas, sobretudo em áreas urbanas. Mais de 80 mil pessoas responderam ao questionário.

Nessa edição, foram feitas perguntas inéditas, como a análise da insegurança alimentar, a presença de animais de estimação e questões sobre gênero e orientação sexual dos moradores do DF. A pesquisa é realizada a cada dois anos e embasa a formulação de políticas públicas pelo estado. "Sem diálogo com a população não há governo", frisou o presidente da Codeplan, Jean Lima.

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Desigualdade de renda

A PDAD traz informações que demonstram haver desigualdades sociais na capital federal. Uma das mais ilustrativas é a concentração de renda. "Um trabalhador do grupo de alta renda recebe 4,6 vezes mais do que um trabalhador de baixa renda", ressaltou a diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Clarissa Schlabitz.

Renda média:

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• DF – R$ 3.687;

• alta renda – R$ 8.237; e

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• baixa renda – R$ 1.757.

Outra discrepância foi observada na avaliação da relação entre renda e idade. "A população de mais alta renda, mais envelhecida, com menos crianças. A de mais baixa renda, mais jovem e com mais crianças. São grupos de pessoas que demandam políticas públicas distintas", acrescentou Schlabitz.

Pelo estudo, 53,5% da população de alta renda trabalha na região onde mora. No caso das pessoas de baixa renda, esse índice cai para 36,2%. Esse fator tem outras implicações, como maior demanda por serviço de transporte e mais tempo de deslocamento, o que compromete a qualidade de vida. Assim, 7,2% dos trabalhadores de alta renda gastam mais de 45 minutos para chegar ao trabalho, enquanto para aqueles de baixa renda essa proporção é 5,2 vezes maior (36,9%). 

Local de trabalho:

• 42% – Plano Piloto;

• 11,2% – Taguatinga; e

• 7,2% – Ceilândia.

Demanda por serviços

Essas disparidades também produzem necessidades diferentes por serviços públicos. “A população de mais baixa renda é a que mais depende de SUS, de serviços escolares e instituições públicas de ensino”, ponderou Schlabitz. A PDAD mostra que 67,5% da população não tem plano de saúde. Além disso, 43,4% dos entrevistados afirmaram que foram ao posto de saúde na última necessidade médica. Destes, 34,9% procuraram os postos para tratar de doenças, mas 32,4% foram às unidades para tomar vacinas. Mais da metade (50,7%) dos jovens de 4 a 24 anos frequentam as escolas públicas do DF.

Trabalho

A pesquisa ainda avaliou a situação do emprego nas regiões administrativas. Dos cerca de 3 milhões de moradores do DF, 58,9% dos maiores de 14 anos compõem a população em idade ativa, o que corresponde a 1.455.050 pessoas. Desse total, 10,9% estão desocupados.

Tipo de trabalho:

• 46,4% – setor privado;

• 22,5% – autônomos;

• 18,4% – setor público;

• 4,2% – empregados domésticos;

• 2,7% – forças armadas; e

• 1,9% – donos do próprio negócio.

A PDAD também se debruçou sobre a situação dos “nem-nem”: jovens de 18 a 29 anos que nem trabalham nem estudam, que somam 181.619 habitantes — o equivalente a 31,1% da população nessa faixa etária.

Famílias

Em 13,7% dos domicílios, apenas a mãe é a responsável pelo cuidado com os filhos, situação que predomina entre a população de baixa renda (17%).

Famílias no DF:

• 23,6% de casais sem filhos;

• 19,2% de casais com filhos;

• 15% unipessoal; e

• 13,7% monoparental.

Infraestrutura

A pesquisa demonstra que houve uma melhora quanto às condições de infraestrutura urbana: 97,1% têm acesso à rede de saneamento, 94,8% das ruas são asfaltadas, 95,7% têm iluminação pública, 93,1% possuem ligação com a Caesb e 65,8% têm policiamento militar regular. Os entrevistados responderam que ainda assim há problemas na infraestrutura dos bairros.

Problemas nas cercanias das casas:

• 27,6% de ruas esburacadas;

• 18,2% de alagamentos;

• 16,8% de entulho;

• 7,8% de esgoto a céu aberto; e

• 5,4% de erosão.

Consumo nas casas

A PDAD atestou a predominância dos contratos de serviços de streaming nos lares do DF. Os serviços online por assinatura são vistos em seis de cada dez lares. O índice, de 61,6%, supera o de contratos de TV por assinatura, presente em 40,4% das casas. O acesso à internet foi citado por 99% dos entrevistados.

Pela primeira vez, a Codeplan também perguntou aos moradores sobre os animais de estimação: em quase metade das residências (49,6%) há pets. A preferência dos moradores da capital é pelos cães, que compartilham a casa de 41,9% dos que têm animais. Em segundo lugar aparecem os gatos, que povoam 11,1% dos lares onde há bichinhos.

População

O levantamento ainda fornece um retrato da população do DF: a maioria dos 3.010.881 de habitantes é de mulheres (52,2%). Os negros somam 57,4% da população. Cerca de 3,8% dos maiores de 18 anos se identificam como LGBTQIA+. Outros 18,5% declararam que possuem algum tipo de deficiência. Os nascidos na capital também compõem a maior parte dos moradores: 55,5%. Entre os migrantes, 15% vieram de Minas Gerais.

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