Pacheco diz que congelamento de preços nos supermercados 'não é o caminho'
Presidente da República em exercício defendeu responsabilidade social das empresas, além da lógica econômica e de mercado
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente da República em exercício, Rodrigo Pacheco, afirmou nesta sexta-feira (10) que, diferentemente do que foi sugerido por Jair Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes (Economia) nesta quinta-feira (9), o caminho não é o congelamento de preços nos supermercados brasileiros, e sim a responsabilidade social das empresas.
"Nós temos uma sociedade de livre mercado. O que eu acho que ele reivindicou e suplicou foi, realmente, a responsabilidade social de todos os brasileiros. Na sua atividade coletiva, ninguém obviamente pretende sacrificar o lucro, nem acredito também no congelamento de preços. Não é esse o caminho, mas a consciência de todos que nós temos que buscar também uma posição social de todas as empresas neste momento", disse Pacheco.
"Todos têm responsabilidade de fixar preços que sejam justos, que contemplam lucros, mas não lucros abusivos, que haja competitividade. Acho que é essa lógica econômica e de mercado, neste momento de civilidade e de respeito com o problema do Brasil, que é o problema dos dois dígitos: juros a dois dígitos, inflação a dois dígitos e, em alguns lugares, a gasolina a dois dígitos", acrescentou.
As declarações foram dadas por Pacheco, que é presidente do Senado Federal, durante o 2º Encontro do Conselho Nacional do Poder Legislativo Municipal das Capitais (Conalec), realizado em João Pessoa, na Paraíba.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro pediu aos donos de supermercados e empresários da cadeia de abastecimento que reduzam o lucro dos produtos que fazem parte da cesta básica dos brasileiros.
"Em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaboramos. Então, o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível, para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes", afirmou Bolsonaro.
O ministro Paulo Guedes, por sua vez, pediu ajuda do setor para frear a escalada de preços. "Vamos dar uma trégua de preços, vamos confiar um pouco no Brasil, vamos apertar o cinto um pouquinho", pediu Guedes, defendendo a ideia de que a tabela de preços de alimentos da cesta básica seja reajustada pelos empresários apenas em 2023.
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Os apelos foram feitos por Bolsonaro e Guedes durante o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e ambos participaram por meio de videoconferência. O chefe do Executivo falou diretamente dos Estados Unidos, antes de se encontrar com o presidente Joe Biden.
A cesta básica subiu R$ 115,05 nos últimos 12 meses nos supermercados e chegou ao valor médio de R$ 758,72, segundo pesquisa da Abras. Os itens acumulam alta de 17,87% no período. Já no primeiro quadrimestre do ano, a elevação nos preços foi de 8,31%.
A inflação desacelerou nos últimos dois meses, mas se mantém em dois dígitos (11,73%). Apesar do aumento nos preços, o consumo nos quatro primeiros meses de 2022 acumula alta de 2,50%. Em abril, o indicador registrou aumento de 4,20% em comparação com março. Já na comparação com o mesmo mês de 2021, o crescimento registrado foi de 7,37%.