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Para ambientalistas, controle de queimadas inclui uso sustentável do solo e fim do desmatamento

Só ações emergenciais para acabar com o fogo não funcionam, segundo especialistas; impactos negativos de incêndios devem aumentar

Cidades|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília


Especialistas defendem combate ao desmatamento ilegal e uso sustentável da terra para controlar queimadas
Especialistas defendem combate ao desmatamento Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil - Arquivo

O Brasil enfrenta uma grave crise ambiental agravada pela seca extrema e pelos incêndios florestais, que apareceram este ano em níveis alarmantes. Quase todo o país se encontra em alerta para queimadas, e os impactos negativos devem se intensificar ao longo deste ano, resultando em significativos prejuízos socioeconômicos e ambientais.

Entre 1º e 29 de agosto de 2024, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 2.074.252 ocorrências de calor, correspondendo a 57,49% do total anual. A distribuição dos incêndios revela uma situação preocupante: a Amazônia, essencial para a regulação climática e a preservação da biodiversidade, concentrou a maioria dos casos com 1.214.385 registros em agosto, ou 58,55% do total. Esta região é vital para cerca de 20 milhões de brasileiros.

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Outros biomas enfrentam altas taxas de queimada. O Cerrado, crucial para os ciclos hidrológicos, registrou 113.855 ocorrências (26,60%), enquanto a Mata Atlântica e o Pantanal tiveram 5,49% e 7,96% dos registros, respectivamente. Os estados de Mato Grosso, Pará e Amazonas foram responsáveis por 60,9% dos incêndios, com 491.788, 441.702 e 331.557 casos, respectivamente. São Paulo, com um recente aumento no fogo em vegetação, ocupa a nona posição com 71.390 registros.

Para o período de setembro a novembro, as previsões indicam que 746 áreas protegidas na América do Sul e 563 municípios brasileiros estão em altos níveis de alerta, o que sugere que a crise pode persistir nos próximos meses.


“Os incêndios têm causado danos profundos, desde a destruição da vegetação nativa até a perda da biodiversidade e o aumento das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Débora Dutra, engenheira ambiental e sanitarista, doutoranda em Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Além disso, eles impactam negativamente a economia, a saúde e o bem-estar da população, com a deterioração da qualidade do ar, perdas na produção agrícola e aumento nos custos com saúde pública e combate a incêndios.”

“As causas dos incêndios são diversas, incluindo desmatamento ilegal, grilagem de terras, exploração madeireira, expansão agropecuária descontrolada, vandalismo e ameaças às populações tradicionais.”


Mais do que o combate ao fogo

Em resposta, a Lei nº 14.944, sancionada em julho de 2024, criou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, com o objetivo de reduzir os impactos dos incêndios através de ações coordenadas, como o uso controlado do fogo e o fortalecimento das capacidades de resposta. No entanto, a especialista ressalta que é necessário um esforço mais amplo.

“Uma abordagem integrada é essencial”, destacou Liana Anderson, bióloga e pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI). “Isso inclui reforçar a fiscalização contra o desmatamento ilegal, incentivar práticas agrícolas sustentáveis e estruturar capacidades de prevenção e resposta em propriedades rurais e áreas protegidas. A participação das comunidades locais e o respeito aos conhecimentos tradicionais são fundamentais para a gestão eficaz dos recursos naturais em um clima em transformação”.

A implementação eficaz da nova lei, a criação de brigadas florestais especializadas e as ações de educação ambiental são passos importantes. No entanto, é crucial também abordar as causas subjacentes dos incêndios. “Compreender as causas e desenvolver medidas para enfrentá-las pode ajudar a evitar a repetição da crise que estamos vivenciando em 2024″, conclui.

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