Para economizar com aluguel, secretarias do DF usarão 40 salas do Estádio Mané Garrincha
Para o senador Romário (PSB-RJ), a medida está longe de ser a solução ideia para estádios
Brasília|Myrcia Hessen, do R7
A previsão de que os Estádios da Copa do Mundo 2014 virariam verdadeiros ‘elefantes brancos’ após a temporada de jogos já começou a se concretizar. Em Brasília, o Estádio Nacional Mané Garrincha não viu mais, desde a copa, as suas arquibancandas lotadas apesar de ter sido palco de confrontos de grandes times e de shows internacionais.
Veja fotos do Mané Garrincha por dentro durante Copa 2014
Para minimizar a ociosidade do gigante, que tem capacidade para 70 mil torcedores, o Mané irá abrigar secretarias do Governo do DF. A ideia do governo, além de ocupar o estádio, é reduzir custos com aluguéis de imóveis e melhorar as condições do caixa do Distrito Federal que, atualmente, está praticamente zerado.
Desta forma, a expectativa é que até o fim deste mês, três secretarias ocupem 40 salas do Estádio. São elas: Economia, Desenvolvimento Humano e Social e de Esporte e Lazer, que hoje funcionam em um prédio alugado na 509 Norte, em Brasília. Segundo o GDF (Governo do Distrito Federal), a medida reduzirá as despesas da máquina pública em R$ 10,5 milhões por ano.
A secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização garante que as salas já estavam prontas e, por isso, não houve custos extras aos cofres públicos do GDF. Contudo, serão gastos R$ 170 mil com serviços como transporte, desmontagem e montagem dos móveis, que serão reaproveitados. Ainda segundo o órgão, todas as salas foram construídas e estruturadas de acordo com as exigências da FIFA para a realização da Copa do Mundo e, desta forma, são de excelente qualidade.
O secretário da pasta Antônio Paulo Vogel admite que a medida não é a ideal, mas alega ser necessária porque o DF passa por um momento de “emergência financeira”. Segundo ele, diferente do que muitos estão pensando, as secretarias não ficarão abrigadas eternamente no Mané Garrincha, a ideia, é que elas mudem para o novo Centro Administrativo em, no máximo, um ano.
— A melhor solução seria a gente resolver todas as questões que pairam sobre a ocupação do novo Centro Administrativo e ir para lá. Mas, agora estamos reduzindo o custo global com aluguel e todos os gestores buscam redução desses valores. Nesse caso, o estádio, com salas ociosas, foi a saída. A mudança é temporária, gostaria que ficassem [no estádio] menos de um ano, mas vamos depender de solucionar os problemas para ocupar o Centro Administrativo.
Ao todo, 400 servidores do GDF passarão a trabalhar no Estádio Nacional Mané Garrincha. Contudo, o secretário garante que o excesso de pessoas não atrapalhará quando houver jogou ou outros eventos no local, já que a entrada deles fica a certa distância da arena.
— Não vai atrapalhar em nada a operação normal do estádio, não se confunde uma coisa com a outra.
Em contato com o R7 DF, o senador e ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ), crítico ferrenho dos estádios erguidos para o mundial diz que a medida “não é a ideal”, mas considera uma boa solução para que o Estádio Nacional Mané Garrincha se mantenha sem gerar prejuízos aos cofres públicos do DF.
— Ainda é cedo para dizer que o estádio se tornou um elefante branco. Afinal, apesar de poucos jogos, há uma série de eventos não esportivos, como festas e shows. O problema é o estádio não se manter e gerar prejuízo para os cofres públicos. A arena é muito grande e vai ser muito difícil ter uma média de público como a da Copa, mas os administradores precisam encontrar alternativas para o local gerar renda. Não é o ideal, mas abrigar as secretarias foi uma boa solução, já que gerou economia.
O Estádio Nacional Mané Garrincha, que vai virar escritório no final deste mês, custou cerca de R$ 1,7 bilhão e tem manutenção de R$ 600 mil por mês.