Brasil continua sem diretrizes para tratar pacientes com Covid-19 nos hospitais
Diego Vara/ReutersNa tentativa de reverter a decisão da SCTIE (Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos) que barrou as diretrizes para tratar pacientes com Covid-19 em hospitais, docentes e profissionais da Saúde lançaram um abaixo-assinado que contava com 74 mil adesões até o início da tarde desta quarta-feira (26). A petição pede ao Ministério da Saúde que reconsidere os relatórios aprovados pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). Cabe ao ministro Marcelo Queiroga reavaliar a decisão.
O número de assinaturas disparou após o secretário da SCTIE, Hélio Angotti, republicar a nota técnica justificando a rejeição às diretrizes sem mudar o teor da decisão, apenas retirando do documento uma tabela que apontava evidências conclusivas de efeitos positivos da cloroquina e negava a certeza dos benefícios das vacinas. De acordo com a plataforma na qual o abaixo-assinado foi criado, essa se torna uma das petições com mais assinaturas no site.
"Nos sentimos perplexos quando lemos a vasta lista de estultices apresentada pela nota técnica em epígrafe. Resumidamente, a nota rejeita as normas de tratamento recomendadas por pesquisadores e médicos com experiência no tema, em favor de tratamentos não validados", diz o abaixo-assinado, criado por um grupo de professores da Faculdade de Medicina da USP e de outras instituições, além de profissionais e pesquisadores da área.
O grupo pede que as normas de tratamento hospitalar e ambulatorial da Covid-19 sejam reconsideradas e incorporadas pelo Ministério da Saúde. O abaixo-assinado é direcionado não só à pasta, mas ao Senado, ao Ministério Público e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Queiroga já se manifestou sobre uma possível revisão, afirmando que ela será feita com "transparência, publicidade, impessoalidade e legalidade". No entanto, disse que, até a publicação desta reportagem, não havia recebido nenhum pedido formal de análise.