Petrobras volta a pesar após demissão de presidente, e Ibovespa mira queda
Papéis caem com menos força do que a registrada no fechamento de quarta-feira (15), após saída de Jean Paul Prates
Economia|Do Estadão Conteúdo
O Ibovespa sobe moderadamente nesta quinta-feira (16), seguindo a valorização pequena das bolsas americanas após o recorde da véspera, na esteira de dados de inflação menos fortes do que o esperado. A moderação do índice reflete a queda das ações da Petrobras, após subirem mais cedo. Os papéis caem com menos força do que a vista no fechamento de quarta-feira (15), em torno de 6,00%, após a demissão de Jean Paul Prates da presidência da estatal, refletindo receio dos investidores de maior interferência política na empresa. Há incertezas em relação a como será conduzida a Petrobras na nova gestão.
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Na quarta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,38%, aos 128.027,59 pontos. Às 11 horas desta quinta-feira, o Índice Bovespa cedia 0,07%, aos 127.940,82 pontos, na mínima, depois de subir 0,73%, na máxima aos 128.965,46 pontos. Petrobras perdia entre 1,04% (PN) e 1,65% (ON).
”Passado o primeiro susto, o mercado agora aguarda os próximos passo em relação ao que será o novo comando da Petrobras, ao que será implementado”, avalia Mônica Araujo, estrategista de Renda Variável da InvestSmart XP. Após o CPI de abril menor do que o previsto ontem animar Wall Street, nesta quinta saíram dados de atividades dos Estados Unidos, que reforçaram a ideia de que há espaço para que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a cortar os juros neste ano.
Os pedidos semanais de auxílio-desemprego caíram 10 mil, a 111 mil, na semana, ante projeção de 218 mil. Já o índice de construções de moradias iniciadas subiram 5,7% em abril ante março, na comparação com previsão de alta de 9%, e a produção industrial ficou estável em abril ante março (previsão de alta de 0,2%).
No geral, os dados reforçam apostas de início de queda dos juros norte-americanos neste ano. Agora, os mercados esperam falas de diretores do Federal Reserve. Depois de cederem, os juros dos Treasuries avançavam, respingando nos juros futuros no Brasil.
Além de a cautela ainda prevalecer em relação à política monetária americana, Mônica acrescenta que os riscos internos também estão no radar dos investidores. Na visão da estrategista, os mercados seguem digerindo se o que realmente o governo atual tem proposto para a economia será alcançado.
“Há uma tendência maior para um fiscal mais frouxo. Claro que é incontestável a necessidade de ajuda ao Rio Grande do Sul. Dentro deste contexto, ainda há questões maiores que a Fazenda precisa resolver como a da desoneração da folha de pagamentos”, diz. “Tem muita dúvida interna, e talvez seja isso que esteja sendo o grande empecilho, o que estaria atrapalhando o fechamento de curva de juros”, completa Mônica.