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R7 Brasília

PF vai fazer varredura em aparelhos de Ramagem em busca de mais gravações de Bolsonaro

Ex-presidente e ex-diretor falaram sobre investigações contra Jair Renan e Flávio Bolsonaro, por exemplo

Brasília|Natália Martins, da RECORD, e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília


Bolsonaro e Ramagem juntos em evento Carolina Antunes/PR - 11.07.2019

As equipes da PF (Polícia Federal) vão fazer uma varredura nos aparelhos eletrônicos de Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e buscar por mais gravações que envolvam o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-chefe do órgão é investigado por montar um suposto esquema de espionagem ilegal, usando a estrutura pública, para fins pessoais.

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“O Ramagem gravava todo mundo”, afirmou um delegado da PF à reportagem sob reserva. Nesse sentido, as equipes querem vasculhar os aparelhos do atual parlamentar a fim de encontrar mais gravações que citem o ex-presidente. Isso porque o ex-diretor da Abin costumava fazer registros de reuniões e encontros.

Na última quinta-feira (11), a PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva contra pessoas que teriam participado do suposto esquema de espionagem ilegal. A ação ocorreu nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora (MG), Salvador e São Paulo. O órgão afirma que os alvos fazem parte uma organização criminosa.

De acordo com a PF, a espionagem ilegal da Abin durante a gestão de Ramagem monitorou os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux, além do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e de seu antecessor, Rodrigo Maia.


Cinco pessoas foram presas na ação de quinta-feira. São elas: Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito, Marcelo de Araújo Bormevet, Richards Dyer Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida. Segundo os investigadores, todos os presos ficaram em silêncio durante os depoimentos prestados à PF.

Conheça o esquema

O uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados começou a ser investigado em 2023. De acordo com a apuração, o programa First Mile permitia o monitoramento de milhares de pessoas — e teriam sido feitos 60 mil acessos a ele em dois anos e meio.


Segundo a PF, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alerta em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Descobertas

A PF obteve um áudio, de uma reunião ocorrida em 2020, de Bolsonaro com Ramagem, na qual os dois tratam sobre medidas contra supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração do relatório final das investigações sobre supostos desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro (PL) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual.


A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. Segundo a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, para anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”. Também participaram dessa reunião o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e duas advogadas de Flávio.

Outra descoberta da PF em relação ao ex-presidente tem relação com seu outro filho, o Jair Renan. Em relatório, o órgão informou que os agentes que atuavam na Abin, sob direção de Ramagem, utilizaram-se das ferramentas da agência para serviços “ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como, por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro”.

“As ações de ‘inteligência’ realizadas não deviriam deixar rastros, razão pela qual a então alta gestão decidiu que não haveria difusão do relatório, ao tempo diligência solicitada pelo GSI diretamente para a Direção-Geral da Abin. Noutros termos, o presente evento corrobora a instrumentalização da Abin para proveito pessoal. Neste caso o intento era fazer prova em benefício ao investigado Renan Bolsonaro”, diz a PF.

Os citados negam as acusações.

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