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R7 Brasília

PMs relatam embate com Exército e cenário de 'caos total' durante invasões extremistas

Depoimentos obtidos pelo R7 abordam o número reduzido de policiais e a agressão de participantes dos atos do 8 de Janeiro

Brasília|Gabriela Coelho e Bruna Lima, do R7, em Brasília

Extremistas vandalizam o Planalto no 8 de Janeiro
Extremistas vandalizam o Planalto no 8 de Janeiro

Policiais militares do Distrito Federal que atuaram no 8 de Janeiro afirmaram à Justiça que o Exército dificultou a detenção dos extremistas no dia dos atos — tendo, inclusive, liberado a saída de pessoas pelos fundos do Palácio do Planalto. Os policiais também relataram agressões por parte dos invasores e uma situação de "caos total", por estarem com o efetivo reduzido. 

As declarações fazem parte de um processo no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) contra o segundo-tenente Marco Aurélio Teixeira Feitosa por uma suposta agressão contra uma das extremistas. A ação penal militar foi apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

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O R7 teve acesso a parte dos depoimentos concedidos no processo, que ainda não tem sentença. As informações também fazem parte do material obtido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. 

Em depoimento, o segundo-tenente da Polícia Militar do DF Marco Teixeira revelou ter sido uma decisão dele a de deslocar o grupo para atuar nas proximidades do Congresso Nacional, já que a ordem inicial era ficar posicionado em um hotel na região central de Brasília. O grupo, com 20 policiais e 16 voluntários, foi dividido em duas frentes — uma parte com atuação no Congresso e a outra, no Planalto.


Ouvido no processo, o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior afirmou que, no Planalto, houve um "embate entre a PM e o Exército". A divergência se deu em razão das prisões dos manifestantes. "O Exército queria liberar todos eles. Inclusive, vários foram soltos pela porta dos fundos do palácio. Por decisão nossa, da nossa tropa de choque, nós não iríamos participar disso. Que quem estava ali estava preso", afirmou. 

O policial também revelou ter sido agredido e "quase morto" pelos invasores. "O clima era de caos total. Até porque a nossa tropa estava com aproximadamente 20 homens. Acredito que eram mais de 200 pessoas lá no interior do palácio. E nós já tínhamos enfrentado eles lá fora", relatou, acrescentando que houve dificuldade em fazer as prisões.


"Todo tempo esperávamos uma debandada [...]. Era um número de policiais muito inferior e com dificuldade com o Exército, que não queria que efetuássemos prisões", disse.

O ânimo deles era totalmente agressivo. Inclusive%2C eu quase fui morto. Eu e a soldado Marcela quase morremos nesse confronto%2C nesse primeiro momento. Fui socorrido todo ensanguentado.

(Beroaldo José de Freitas Júnior, subtenente da PMDF)

A "soldado" a que se refere Beroaldo é na verdade Marcela Pinno, cabo da PM. Ela também prestou depoimento nesse caso e estava sob o comando de Marco Teixeira. No entanto, a policial estava com a parte do grupo que atuou no Congresso. Marcela foi empurrada de uma das cúpulas do prédio e caiu de uma altura de aproximadamente 3 metros. Depois, foi agredida por manifestantes — teve o capacete à prova de balas amassado por uma barra de ferro e precisou ser resgatada por outros policiais. 

"Há de se frisar a agressividade dos manifestantes e a quantidade de vândalos que se encontrava ali. [...] Fui jogada da cúpula, consegui retornar para a linha e, quando estava praticamente chegando, fui atacada novamente, jogada ao chão, agredida várias vezes com pedaço de pau e com o próprio gradil que servia para contenção", detalhou. 

O major Gustavo Cunha de Souza, que também prestou depoimento nesse processo e era responsável pelo comando da Tropa de Choque, frisou o baixo número de policiais que atuavam em relação aos manifestantes e disse ter sido complicado contê-los. "Até fazer todo mundo sentar e deitar no chão, teve bastante resistência, demorou. Não foi de imediato", relatou.

O major estimou que, no Planalto, havia no máximo dez policiais militares. Gustavo Cunha disse que um dos coronéis do Exército pediu apoio, mas que outro "meio que tentou barrar a nossa entrada quando a gente arrancou as barricadas". Segundo ele, entretanto, após a PMDF ter dado ordem de prisão, não houve desautorização por parte do Exército. 

Ao R7, o Exército afirmou que "quaisquer esclarecimentos em relação aos depoimentos sobre os acontecimentos relacionados ao evento de 8 de janeiro serão prestados exclusivamente aos órgãos competentes pelas apurações" e que o "Exército não se manifesta no transcurso de processos de investigação". 

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