Polícia Civil desmantela organização que praticava 'golpe do motoboy'
Grupo, que agia no DF e SP, enviava motoboys para recolher cartões supostamente clonados e fazia saques de grandes quantias
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
Em uma megaoperação, que envolveu 130 agentes, a Polícia Civil do Distrito Federal desmantelou uma organização criminosa suspeita de praticar o chamado "golpe do motoboy", estratégia para recolher cartões de crédito supostamente clonados, diretamente com a vítima,diziam para depois fazer saques de grandes quantias.
A operação ocorreu nessa quarta-feira (1º/9), quando quatro pessoas apontadas como líderes da organização foram presas em São Paulo. Os agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão em Brasília, São Paulo, Guarujá e São Caetano. Entre os objetos apreendidos, foram 93 veículos de luxo, de marcas como Porsche, Mercedes-Benz e BMW, avaliados em R$ 18 milhões, imóveis, R$ 580 mil em dinheiro, cartões de crédito e chips de telefone celular. As contas bancárias dos presos foram bloqueadas.
O principal alvo da quadrilha eram idosos. As investigações da Operação Captis apontaram que os integrantes do grupo se passavam por funcionários de bancos. Eles ligavam para as vítimas e afirmavam que o cartão delas havia sido clonado. Em seguida, diziam oferecer o serviço de motoboy para recolher em casa o cartão supostamente violado.
Quando se apossavam do objeto, os suspeitos sacavam grandes quantias de dinheiro das contas para comprar produtos de alto valor, como TVs e celulares.
O grupo é investigado há quase três anos. A Operação Lothur, de 2018, apurou que o braço de Brasília da organização era o responsável por buscar os cartões com as vítimas. Contudo, eram os criminosos em São Paulo que faziam as ligações e coordenavam a ação da quadrilha pelo país, assim como as movimentações financeiras.
Naquele ano, os criminosos de SP eram donos de um pequeno lava-jato, com capital de R$ 10 mil. Depois, abriram uma rede de lojas de carros de luxo. O faturamento do negócio chegou a R$ 14 milhões em 2020. Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Adriano Valente, o comércio era uma estratégia para lavar o dinheiro roubado. "Esse grupo se dedicava sobretudo à lavagem do dinheiro conseguido com a aplicação do golpe do motoboy".