Polícia prende grupo que lucrou R$ 5 milhões com fraudes em fretes dos Correios
Investigação de quase dois anos identificou crimes em cinco estados; criminosos fraudavam etiquetas de postagem das encomendas
Brasília|Elijonas Maia, da RecordTV
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), uma operação que investiga um grupo suspeito de fraudar frete dos Correios em compras online. Foram cumpridos oito mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em cidades do Rio Grande do Sul, da Bahia, de Goiás, Minas Gerais e Pernambuco. O prejuízo para as empresas digitais é avaliado em cerca de R$ 5 milhões.
Cerca de 40 agentes do DF atuam na operação, com apoio das polícias dos demais estados. O esquema criminoso consistia na venda de etiquetas falsas de PLPs (pré-lista de postagem de encomendas dos Correios).
Os golpes são aplicados desde 2018, e os criminosos tinham como alvo empresas de compras online. Para atrair clientes, essas lojas virtuais ofertavam frete grátis no envio das compras. Para tanto, arcavam com os custos da postagem.
Fraude
Os criminosos agiam nesse intervalo. O grupo usava dados falsos e fazia ataques cibernéticos às plataformas de compras online e, dessa forma, gerava códigos de postagem, que são vendidos a comerciantes atacadistas de todo o país. Os pacotes desses comerciantes finais, maiores e mais pesados, são despachados com essas etiquetas, e a diferença do frete é cobrada das plataformas em que foram gerados os códigos.
Durante a primeira fase da Operação Tracking, em dezembro de 2021, foram localizados celulares com chips do Distrito Federal. Nos aparelhos, e também em computadores dos investigados, havia arquivos de mais de 5.000 etiquetas prontas para serem vendidas, inúmeras conversas sobre o esquema criminoso e centenas de chips de celular para serem usados pelo grupo. Foi apurado ainda que há receptadores das etiquetas nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal.
"Para os consumidores, o frete grátis é um grande atrativo, ainda mais neste período de crise financeira. O problema é que não existe serviço sem custo e, neste caso, se o comprador não está pagando, é a plataforma de ecommerce que assume esse preço. A atuação do grupo criminoso causa enorme prejuízo ao comércio eletrônico lícito e aos vendedores online de menor porte, os quais não conseguem competir com os comerciantes que se utilizam do esquema criminoso e não cobram pela entrega de seus produtos", explicou a delegada Isabel de Morais, chefe da Difraudes, à RecordTV.
Os integrantes do grupo criminoso responderão pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa. Os comerciantes que compraram as etiquetas de remessa poderão ser responsabilizados pelo crime de estelionato.