Delator de suposta rachadinha de Janones diz que prefeita de Ituiutaba organizava esquema
Leandra Guedes era assessora do deputado quando ele estaria se apropriando de parte do salário de servidores do gabinete
Brasília|Laísa Lopes, do R7, em Brasília, e Natália Matins, da Record
Depois da repercussão da suposta rachadinha do deputado federal André Janones (Avante-MG), Cefas Luiz, ex-assessor do parlamentar, afirmou que a prefeita de Ituiutaba (MG), Leandra Guedes (Avante), na época assessora de Janones, seria a responsável por coordenar o esquema dentro do gabinete.
Em nota, a prefeita disse não ter conhecimento do conteúdo divulgado nesta segunda-feira (27) e que jamais presenciou ou participou de qualquer conduta ilegal. O deputado nega irregularidades.
“Ela organizava, coordenava e fazia toda a contabilidade do esquema. Na época, um dos assessores até questionou se teria que devolver parte do 13° salário, e foi necessário entregar o dinheiro em espécie para a então prefeita”, disse.
O ex-assessor afirma ainda que Janones nunca falava do esquema em voz alta. “Você sentava em uma mesa, ele escrevia em um papel, você lia e não falava nada, e então ele jogava o papel fora.
[...] Não tenho medo desse povo. Se ele vier atrás de mim, procuro a Polícia Federal.” O ex-assessor pediu exoneração do cargo em novembro de 2022.
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Cefas relatou ainda que sofre perseguição da prefeita dentro do Triângulo Mineiro desde que deixou de trabalhar para Janones. “Todo emprego que tento ela diz para não me contratarem.”
Entenda
De acordo com o áudio supostamente gravado por um ex-assessor de Janones, a verba da rachadinha seria usada para cobrir um rombo de R$ 675 mil nas contas pessoais do político, que afirma ter precisado vender casa e carro e usado o dinheiro da poupança e previdência para bancar a corrida eleitoral.
Na conversa com a equipe, após declarar a intenção de obter parte do salário dos assessores para fins pessoais, Janones reafirma que não admitirá cargos-fantasmas, em uma tentativa de legitimar o suposto esquema. Disse, ainda, não temer a perda de mandato. "Se eu tiver que ser colocado contra a parede, não estou fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, hoje, renunciar é uma coisa tão natural." Segundo Janones, esse esquema seria "justo".
A gravação é de 5 de fevereiro de 2019 e foi feita pelo jornalista Cefas Luiz durante a primeira reunião após os funcionários tomarem posse. Cefas disse à reportagem que "o esquema rodou no gabinete e era mensal". Ele afirmou, ainda, que levaria o material ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à Comissão de Ética da Câmara.
Resposta
Em resposta, Janones nega ter cometido rachadinha e afirma que a gravação foi "clandestina e criminosa" e se trata de um áudio "retirado de contexto" e para tentar imputar a ele um crime que afirma jamais ter cometido. "Essas denúncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados", completa.
Além de negar ter recebido dinheiro dos assessores, Janones afirma que toparia abrir mão do sigilo bancário. "Eu não tenho o que esconder", garante.