Roberto Campos Neto, presidente do BC
José Cruz/Agência BrasilO ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, informou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, organiza, com integrantes do primeiro escalão do governo e empresários, uma espécie de seminário para debater a taxa de juros no Brasil, atualmente em 13,75%.
A informação de que Campos Neto organiza o seminário foi relatada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante conversa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta terça-feira (28), no Palácio da Alvorada.
Segundo Padilha, o evento deve ocorrer depois da Páscoa, em 9 de abril. Ministros do governo, como Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Fernando Haddad (Fazenda), devem participar também do seminário, assim como especialistas.
“Tem um sentimento de lideranças políticas, de empresários e de economistas de que o Brasil vive uma taxa de juros desproporcional quando comparada com a de outros países”, afirmou Padilha.
Mesmo diante das críticas do governo e do setor produtivo contra a taxa de juros, o Banco Central afirma que “não hesitará” na tentativa de conter a inflação. Em documento divulgado na terça-feira (28), o Comitê de Política Monetária (Copom) não descartou a possibilidade de elevar ainda mais os juros para atingir o objetivo.
O embate considera que a taxa de juros é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.
Como consequência, os juros mais altos inibem o crescimento da economia. O efeito é a justificativa do governo contra a manutenção da taxa básica no patamar atual. O ministro da Fazenda definiu a decisão como “preocupante”.
O ministro afirmou que a lei da autonomia do BC tem quatro objetivos: fomentar o pleno emprego, suavizar rotações econômicas, garantir a estabilidade econômica e buscar a efetividade do sistema financeiro. O projeto foi aprovado pelos parlamentares em 2021.
“Na discussão da ida do presidente do Banco Central a esse seminário, que vai ser feito no plenário do Senado, é que o Congresso tem papel ativo no acompanhamento do cumprimento da lei — aprovada pelo próprio Congresso — que garantiu a autonomia do Banco Central”, disse Padilha.
“O Congresso tem uma postura cada vez mais ativa de acompanhar se esses objetivos estão sendo cumpridos ou não. Esse vai ser o centro do debate, na minha opinião. Estamos discutindo com os líderes [partidários] para que o debate seja exatamente esse”, completou.