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R7 Brasília

Prevent tinha 'frenesi incontrolável de pseudociência', aponta CPI

Caso da Prevent Senior ocupa 102 páginas da minuta de relatório da CPI, que diz que empresa ‘dobrou a aposta’ após cada erro

Brasília|Alan Rios, do R7, em Brasília

Empresa contesta relatório e indiciamentos, e pede "investigações técnicas sem contornos políticos"
Empresa contesta relatório e indiciamentos, e pede "investigações técnicas sem contornos políticos"

Um capítulo sobre as denúncias que envolvem o grupo Prevent Senior ocupa 102 páginas da minuta de relatório da CPI da Covid-19, que avaliou que a empresa “passou a experimentar os variados medicamentos e tratamentos em seus pacientes, em um frenesi incontrolável de pseudociência”.

As principais acusações são de que a Prevent administrou medicamentos ineficazes contra a Covid-19 para validar um estudo que sustentasse o uso desses remédios para casos de infecção pelo novo coronavírus. Em depoimento à Comissão, como mostra o documento, os executivos da empresa negaram qualquer estudo experimental com cloroquina, ivermectina e outros medicamentos.

A minuta do relatório, entretanto, aponta divergências na versão dada pela empresa, como mostram outras declarações de representantes da Prevent Senior confirmando a existência de estudos científicos sobre o tema.

A minuta elaborada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), obtida pelo R7, avalia que a Prevent “dobrou as apostas no equívoco” após cada novo erro. “A pior delas foi a repetida insistência no uso de medicamentos ineficazes no combate da Covid, como a cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e uma pletora de outros fármacos inúteis”.


O documento também mostra que, antes da pandemia, os gastos com essas medicações eram quase nulos. Enquanto em 2018 e 2019 a empresa só investiu R$ 376,04 em compras de hidroxicloroquina, por exemplo, somente em 2020 houve um gasto de R$ 2,1 milhões.

"Experimento"


Esses dados fizeram com que a minuta da CPI qualificasse o trabalho da Prevent como um “experimento não autorizado” com pacientes, que não seguiu preceitos éticos de pesquisas. “Ou os profissionais científicos e gerenciais da empresa não sabem o que fazem ou não se importam com regras éticas”, traz o documento.

O texto ainda cita o depoimento de um paciente infectado pela Covid-19 que acusa a Prevent de administrações de medicações destinadas ao tratamento de câncer de próstata. A minuta da CPI afirma que “a vida do paciente foi colocada sob ameaça por iniciativa da própria empresa” e que a “Prevent Senior teria transformado em rotina a cessação abrupta do tratamento de pacientes que, imaginamos, estariam há tempo demais ocupando um leito em seus hospitais”.


Para concluir o caso Prevent, o texto pede a abertura de inquérito policial urgente para punir os responsáveis pelos possíveis crimes. “É preciso procurar muito na história do Brasil para encontrar algo similar ao que aconteceu nos corredores da Prevent Senior. Talvez apenas seja comparável aquilo que se deu no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, episódio tenebroso da história brasileira”, classifica a minuta, lembrando da unidade de saúde que promoveu condições sub-humanas aos pacientes, resultando em milhares de mortes.

Outro lado

Em nota, a Prevent Senior contesta o relatório e os indiciamentos afirma que “tem total interesse que investigações técnicas, sem contornos políticos, sejam realizadas por autoridades como o Ministério Público”.

“Infelizmente, no Brasil, criou-se o costume de acusar e condenar pessoas e empresas sem a precisão resultante do devido processo legal. Um verdadeiro linchamento público, sem que as denúnicas aventades fossem investigadas pelos senadores. Foi o que aconteceu com as denúncias infundadas levadas à CPI da Covid, que sequer foram apuradas com amplo direito à defesa e contraditório."

A Prevent cita ainda que as acusações têm um contexto extremamente politizado, mesmo sem a empresa ter qualquer vinculação com algum partido político. “Mais grave é a notícia do indiciamento de pessoas que sequer foram ouvidas no curso da CPI e o fato de os acusados não terem tido acesso aos documentos constantes do suposto dossiê, o que inviabilizou seu direito constitucional de ampla defesa e contraditório”, diz a nota.

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