Relatórios do GDF apontavam Vila Cauhy como área de risco há pelo menos 15 anos; veja detalhes
Área, uma das mais afetadas pelas chuvas nos primeiros dias do ano, é demarcada como tendo 'risco de inundação e enchente'
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
Relatórios do Governo do Distrito Federal (GDF) feitos há 15 anos já apontavam a Vila Cauhy como uma área de "sensibilidade ambiental" devido à proximidade com o Córrego Riacho Fundo. O documento também alerta para os riscos de enchentes e alagamentos no local. A informação é do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF de 2009. A região é localizada a cerca de 15 minutos da Esplanada dos Ministérios. Estudos da Defesa Civil e do Serviço Geológico do Brasil também já alertavam para possíveis prejuízos à população (veja detalhes abaixo).
A região foi uma das mais afetadas pelas fortes chuvas que atingiram Distrito Federal e Entorno nos primeiros dias de janeiro. O Corpo de Bombeiros regatou pessoas ilhadas e orientou os moradores quanto à segurança das estruturas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação referência do DF, localizada no Plano Piloto, já registrou 63% do volume de água esperado para todo o mês de janeiro.
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Apesar o alto volume de chuvas, os estudos publicados entre 2009 e 2023 já apontavam para os riscos de alagamentos e prejuízos para as famílias que moram lá.
O R7 procurou o GDF e a Defesa Civil para comentarem o assunto, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Confira detalhes de cada estudo
Plano Diretor de Ordamento Territorial do DF de 2009
Segundo o documento, a Vila Cauhy possui um grau de "sensibilidade ambiental" devido à proximidade com o Córrego Riacho Fundo. Outro ponto é que a regularização da área deveria obedecer qualquer tipo de restrição apontada em estudos ambientais "a serem realizados para a área".
Plano Distrital de Saneamento Básico (PDSB) - dados de 2015
No PDSB, a região é apontada como uma área de risco por alagamentos e deslizamentos. Os dados de 2015 são da Defesa Civil, que é parte da Secretaria de Segurança Pública. O documento cita ainda outras áreas atingidas pelos temporais, como Planaltina e Vicente Pires.
Relatório de Gestão - 2021
No relatório de prestação de contas anual, o GDF informou que, por conta da pandemia da Covid-19, não foi possível manter a análise da taxa de mapeamento das áreas de risco, mas já considerava prioritário o retorno para regiões de "risco alto" ou "muito alto". Entre as localidades estão: Vila Cauhy, no Núcleo Bandeirante; Sol Nascente, no Pôr do Sol; Arniqueira; Santa Luzia, na Estrutural e Ceilândia.
Relatório do Serviço Geológico do Brasil - 2022
O material só foi divulgado em 2023 e apontou que 44 moradias da região eram pontos de alta probabilidade para enchentes e inundações. A pesquisa indicou que 176 pessoas moravam em áreas de risco. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) considera que a área tem alto nível de vulnerabilidade e de risco.
O SGB também mantém um mapa atualizado para ajudar governos estaduais na elaboração de políticas públicas contra desastres ambientais. No sistema, o serviço ponta que várias casas estão localizadas em planície de inundação, e algumas estruturas não possuem drenagem urbana. Os técnicos chamam atenção para as recorrentes inundações que ocorrem no local, chegando a 1,5m de lâmina d'água em alguns pontos.
Os especialistas destacam a presença de manilhas ineficientes para escoamento das águas pluviais no local. Para amenizar a situação de risco, o levantamento mostra que foram realizadas obras de intervenção no córrego Riacho Fundo, na forma de rebaixamento, desassoreamento, contenção das margens e remoção de moradias mais próximas às margens do córrego.
Apesar disso, os técnicos sugerem algumas intervenções para garantir a segurança da população, sendo a principal delas a remoção definitiva de "moradias mais críticas". Veja lista:
1- Remoção definitiva de moradias mais críticas;
2 - Remoção temporária de famílias em dias de pluviosidade anômala;
3 - Implantação de medidas de controle e fiscalização coibindo ocupações e aterramentos irregulares;
4 - Implantação de Plano de Contingência;
5 - Realização de obras de drenagem urbana;
6 - Realização de obras de melhorias de urbanização e saneamento.