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Sanções dos EUA ampliam desgaste diplomático e reforçam abertura para novas restrições

Nesta segunda, governo americano anunciou revogação do visto de Jorge Messias e sanções contra mulher de Moraes

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Novas sanções dos EUA foram anunciadas contra autoridades brasileiras, incluindo Jorge Messias e Viviane Barci.
  • Impacto econômico imediato das sanções é limitado, mas provoca incertezas no mercado financeiro.
  • Especialistas alertam para o risco de novas sanções que podem afetar empresas brasileiras.
  • Medidas sancionatórias visam responder a alegações de violação de direitos humanos no Brasil.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Donald Trump
Donald Trump autorizou novas sanções contra autoridades brasileiras Harrison Koeppel/Official White House Photo - 16.9.2025

A crise entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo capítulo após o governo americano anunciar nessa segunda-feira (22) mais sanções contra autoridades brasileiras e familiares delas, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, que teve o visto revogado, e Viviane Barci, mulher do ministro Alexandre de Moraes, punida com a Lei Magnitsky.

Para especialistas ouvidos pelo R7, o cenário era esperado, principalmente após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado. Ainda assim, analistas indicam que as punições do governo Trump ainda podem ser ampliadas.


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Apesar do foco em sanções contra autoridades brasileiras, o coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC-PR, João Alfredo Lopes Nyegray, explica que os impactos econômicos imediatos são limitados, mas o efeito simbólico é forte.

“O anúncio das sanções já provocou queda no Ibovespa e valorização do dólar, evidenciando como choques de confiança se transmitem rapidamente ao mercado. Embora o impacto direto sobre o PIB seja pequeno, o custo relevante vem do aumento do prêmio de risco, da elevação do custo de capital e da cautela dos bancos e investidores internacionais. O verdadeiro perigo estaria na evolução para sanções que atinjam empresas ou cadeias produtivas, o que poderia restringir exportações e elevar custos de financiamento de forma mais estrutural”, pontua.


Segundo Nyegray, é razoável esperar novas sanções contra figuras do governo, mas principalmente de pessoas próximas a Moraes.

“O risco maior, porém, reside em um eventual alargamento regulatório — como medidas adicionais de compliance ou ajustes na lista do tarifaço — que ampliariam o custo de transações para empresas brasileiras. Ainda que medidas de larga escala contra a economia como um todo sejam improváveis, a pressão crescente gera incerteza e pode impactar a percepção de risco do Brasil no mercado internacional”, disse.


Entretanto, o especialista em direito internacional Pablo Sukiennik entende que é provável que as tarifas sobre produtos brasileiros não sejam ampliadas, devido à pressão de setores ao governo Trump.

“Setores da sociedade civil da economia dos Estados Unidos falam: ‘Avance contra as pessoas, o Supremo, mas deixe a economia brasileira fora disso, além do que foi tarifado’”, explicou.


Recurso para as sanções

Sukiennik explica que, no caso de Messias, dificilmente será possível reverter a decisão por ações judiciais. Ele aponta que a concessão do visto cabe ao país que emite o documento, uma vez que não há um direito estabelecido.

“A concessão do visto é uma liberalidade de cada país. Não existe uma obrigação, e ninguém tem direito sobre o visto. Cada país tem o direito de conceder ou não o visto. No caso dos Estados Unidos, principalmente das pessoas que vão atuar na ONU temporariamente, espera-se que esse entendimento seja flexibilizado”, disse.

No caso de Moraes e da mulher dele, Sukiennik afirma que existe a possibilidade de recurso administrativo, com uma discussão judicial em tribunais americanos.

Quais foram as sanções

A Lei Magnitsky aplicada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos à mulher de Moraes é uma sanção econômica que inclui o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo americano, além da proibição de entrada no país. É aplicada, em geral, a acusados de corrupção ou de graves violações de direitos humanos.

A lei também à empresa Lex Instituto de Estudos Jurídicos, em que Viviane é sócia.

Além de cancelar o visto de Messias, os EUA revogaram o documento de ao menos outras cinco pessoas:

  • ex-procurador-geral José Levi,
  • ex-juiz eleitoral Benedito Gonçalves
  • juiz auxiliar e assessor do Supremo Tribunal Federal Airton Vieira
  • ex-assessor eleitoral Marco Antonio Martin Vargas
  • Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, outro assessor judicial de alto escalão

Em nota, Jorge Messias chamou a ação de incompatível e disse que continuará “a desempenhar com vigor e consciência as minhas funções em nome e em favor do povo brasileiro”.

Moraes chamou a punição de “ilegal e lamentável” e afirmou que ela contrasta com a história dos EUA, de respeito à lei e aos direitos fundamentais.

Perguntas e respostas

Quais foram as novas sanções anunciadas pelos Estados Unidos?

O governo norte-americano anunciou novas sanções contra autoridades e pessoas ligadas a representantes brasileiros, incluindo a revogação do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e a sanção de Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes, com a Lei Magnitsky.

Qual é o impacto das sanções no Brasil?

Especialistas afirmam que os impactos econômicos imediatos são limitados, mas o efeito simbólico é forte, como evidenciado pela queda do Ibovespa e a valorização do dólar. O aumento do prêmio de risco e do custo de capital pode afetar a percepção de risco do Brasil no mercado internacional.

O que motivou as sanções dos EUA?

As sanções foram motivadas por acusações de que o Brasil estaria promovendo uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e cidadãos americanos. A condenação de Bolsonaro e de outros aliados também contribuiu para o cenário favorável a novas sanções.

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