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Saúde volta a pedir recomendação médica para vacinação infantil

Secretários de Saúde divergem da posição do ministério, sustentando que a procura atrasa a campanha

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Saúde entrega mais 2,5 milhões de doses pediátricas aos estados
Saúde entrega mais 2,5 milhões de doses pediátricas aos estados

Mesmo sob críticas de sociedades médicas e entidades da saúde, o governo federal mantém o alerta para que pais e responsáveis busquem recomendação de pediatra antes de vacinar as crianças contra a Covid-19. O pedido, reiterado pelo Ministério da Saúde, acompanha o anúncio da distribuição de mais 2,5 milhões de vacinas infantis, cuja entrega aos entes federados termina nesta quinta-feira (27). 

No texto divulgado pelo ministério na última terça-feira (25) e atualizado nesta quarta (26), a pasta diz que a "orientação é que os pais ou responsáveis por suas crianças procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização". Para vacinar as crianças entre 5 e 11 anos, o ministério demanda a autorização dos pais, mas não cobra a prescrição médica. "Em caso de ausência de pais ou responsáveis, a vacinação deverá ser autorizada por um termo de assentimento por escrito", detalha o texto.

Antes de acrescentar a vacinação infantil ao PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19), o ministro Marcelo Queiroga chegou a anunciar que o parecer médico seria incorporado de forma obrigatória, mas, após debate com entidades da saúde e o próprio posicionamento dos cidadãos em consulta pública, o governo voltou atrás. 

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A medida divulgada pelo ministério é vista por especialistas e membros da comunidade médica como um dificultador à adesão à campanha por causar desconfiança dos pais em relação à segurança da imunização, além de gerar uma demanda desnecessária e desigual na procura por pediatras. 


O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) mantém a posição de descartar a necessidade de apresentação de qualquer documento médico com val para a vacina. "A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá, e vocês estarão protegidos", defende o conselho. Para SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), "a população não deve temer a vacina, mas sim a doença que ela busca prevenir", diz comunicado da instituição.

Na avaliação do pediatra e infectologista Renato Kfouri, consultor do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da AMB (Associação Médica Brasileira), a recomendação levanta dúvidas quanto aos benefícios da vacinação. Mas ele frisa: "Há razões de sobra para vacinar as crianças, sejam elas éticas, sanitárias, epidemiológicas e protecionistas, tanto para a saúde individual quanto coletiva. As vacinas são seguras, estão licenciadas no país e sendo utilizadas [em crianças] em mais de uma dúzia de países pelo mundo".


A médica pediatra Isabella Ballalai, representante da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), também alerta sobre o fato de que a falta de incentivo gera dúvidas na população, mas ela acredita que a cultura vacinal brasileira vai superar essa barreira. "A dica para os pais é que, agora, a decisão está nas mãos deles. A maioria das sociedades médicas, talvez a totalidade, se coloca pró-vacina. Então, a nossa recomendação é que os pais levem os filhos para receber a vacina contra a Covid-19."

Mais vacinas

O Brasil está no terceiro lote de vacinas pediátricas entregues aos estados e ao Distrito Federal. Dos 2,5 milhões de imunizantes, 1,8 milhão são vacinas de RNA mensageiro e 734 mil doses são do imunizante do Instituto Butantan, CoronaVac.


A vacina do Butantan terá a mesma dosagem para crianças e adultos e, por isso, a embalagem não muda. Como não há diferenciação, estados que já tinham doses da CoronaVac em estoque podem direcioná-las ao público infantojuvenil. O intervalo recomendado entre as doses é de 28 dias.

No caso da Pfizer, as remessas são exclusivas para as crianças de 5 a 11 anos. Isso porque, nessa faixa etária, a dosagem é um terço da aplicada em pessoas a partir dos 12 anos. Para evitar confusão, a vacina vem em um frasco laranja, enquanto a de adultos é armazenada em um recipiente com rótulo roxo. A recomendação de intervalo é de oito semanas entre as duas aplicações.

"O Ministério da Saúde reforça que os gestores locais do SUS (Sistema Único de Saúde) devem seguir a recomendação da pasta e aplicar a vacina pediátrica de acordo com a ordem de prioridades, começando pelas crianças com comorbidades, deficiências permanentes e indígenas", reforça o Ministério da Saúde. As aplicações também devem ocorrer em ambientes separados dos de adultos, a fim de evitar erros vacinais. 

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