'População não deve temer a vacina', diz Sociedade de Pediatria
A manifestação ocorre em meio aos comentários de autoridades públicas que frisam os riscos da imunização em crianças
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) publicou, nesta quinta-feira (6), um comunicado ressaltando a importância da vacinação para a faixa etária entre 5 e 11 anos.
"A população não deve temer a vacina, mas, sim, a doença que ela busca prevenir, bem como suas complicações, como a Covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, manifestações que consolidam a necessidade da imunização do público infantil", afirmou a sociedade, em comunicado.
Segundo a SBP, a estratégia é importante para reduzir o número de mortes por Covid-19 nessa faixa etária no Brasil, "cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações". Durante a audiência pública para tratar sobre a inclusão do grupo no PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19), o médico pediatra e infectologista Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP, trouxe dados comparativos com outros países.
Safadi mostrou que, enquanto no Brasil a taxa de mortalidade de crianças e adolescentes é de 43 por milhão, nos Estados Unidos o índice é de 10 por milhão e, no Reino Unido, é de 4,5 por milhão. "Nenhuma doença está matando mais. A Covid-19 fez mais vítimas que todas as doenças preveníveis nos últimos dois anos no Brasil. Não há razão para admitir essas mortes", afirmou.
De março de 2020 a novembro de 2021, o Ministério da Saúde contabilizou 308 mortes de crianças de 5 a 11 anos pela doença. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro (PL) questiona os dados do próprio governo. "Eu pergunto: você tem conhecimento de criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho. Na minha frente tem umas dez pessoas, se alguém tem conhecimento, levanta o braço. Ninguém levantou o braço", disse, nesta quinta-feira (6).
Enquanto isso, o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem deixado de fazer recomendação explícita à vacinação e incentivado à população a procurar um médico antes de levar os filhos às salas de imunização, ainda que a prescrição médica não seja cobrada. Ao invés do estímulo, ressaltou, nesta quinta-feira (6), a possibilidade de efeitos adversos das vacinas e citou a morte de uma grávida ocorrida em 2020 após ter se imunizado com a Oxford/AstraZeneca.
Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas%2C bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos%2C é um ato lamentável e irresponsável%2C que%2C infelizmente%2C pode custar vidas.
Para incentivar os pais a procurarem as salas de vacinação, a sociedade destaca que, até o momento, "os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da Covid-19".