Secretário critica Meta por fim de checagem de dados: ‘Vai atuar politicamente’
Responsável por políticas digitais do governo federal afirmou que plataformas vão atuar em parceria com Trump
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O secretário de Políticas Digitais da Secom (Secretaria de Comunicação da presidência da República), João Brant, criticou nesta terça-feira (7) a decisão da Meta — dona do Facebook, Instagram e WhatsApp — de encerrar a checagem de dados feita por atores externos às plataformas. O anúncio foi feito pelo empresário Mark Zuckerberg, responsável pela Meta, nesta terça, nas redes sociais. Zuckerberg deseja inserir nas plataformas as “notas da comunidade”, a exemplo de como é feito no X, antigo Twitter.
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“O anúncio feito hoje por Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’)”, criticou Brant, também em publicação nas redes sociais. Eleito em novembro, o ex-presidente retorna à Casa Branca em 20 de janeiro.
O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’). (1/8)
— João Brant (@joaobrant) January 7, 2025
A princípio, a mudança será implementada apenas nos Estados Unidos, mas pode ser ampliada para outros países. Na prática, a determinação de Zuckerberg vai impedir que agências e empresas de checagem atuem na análise de informações publicadas nas plataformas.
“Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online. A declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”, continuou.
Brant interpretou parte das falas do empresário como críticas indiretas ao STF (Supremo Tribunal Federal). “É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta — para fugir da lei da Califórnia”, acrescentou o secretário.
Quando divulgou a decisão, Zuckerberg citou a existência de “tribunais secretos” na América Latina. “Os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar empresas para silenciosamente derrubar as coisas [publicações]”, acusou, apesar de não apresentar provas.
Nos últimos anos, o empresário e Trump viveram momentos de embate, principalmente por conta das críticas de eleitores do ex-presidente de que as redes sociais “censuravam” publicações de eleitores do republicano. No entanto, em novembro do ano passado, por iniciativa de Zuckerberg, os dois se encontraram e vêm se ensaiando uma reaproximação.
Decisões recentes do STF, em especial do ministro Alexandre de Moraes, reforçam a publicação de informações verdadeiras nas plataformas. As determinações da Corte levaram o X a ficar fora do ar no Brasil por 39 dias, até o pagamento de multas e cumprimento de decisões.