O ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento em Brasília
Adriano Machado/Reuters-18/5/2021O ministro da Economia, Paulo Guedes, teceu críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e a senadores por causa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Guedes defendeu que é o momento de focar as articulações políticas para apaziguar o país e fazer as reformas estruturantes. Disse também que, se Pacheco quer ser candidato a presidente da República em 2022, terá de administrar as crises atuais. As declarações foram dadas no seminário de lançamento do estudo sobre as 300 maiores empresas do varejo brasileiro em 2021, da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo na noite desta segunda-feira (23/8).
Guedes fez uma forte defesa das reformas estruturantes e garantiu que o país continuará crescendo em 2022 se conseguir aprovar os textos e pacificar o que chamou de “desacerto político”. Evitou, por outro lado, dar nomes aos atores da crise. O ministro destacou que a reforma tributária baixará o imposto das empresas em 10%, o que aumentará o valor dos empreendimentos.
“A economia brasileira estava fechada e nós estamos abrindo. O país subiu impostos nos últimos 40 anos, nossa reforma tributária é a primeira que baixa 10% os impostos para todas as empresas brasileiras. Desoneramos o pessoal do Simples. Desoneramos o pessoal do Presumido. É uma reforma limitada. Mas são os primeiros passos na direção correta. É a direção do mundo. No mundo inteiro, lucros e dividendos pagam impostos entre 20% e 40%. Estamos cobrando 20%. No mudo inteiro os impostos corporativos caíram ao longo dos últimos 40 anos, de 40% para 22%, 23%. É para onde vamos para o ano que vem”, garantiu.
Segundo o ministro da economia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem se dedicado “bravamente” para manter a agenda de reformas, enquanto Pacheco “foi atraído pela CPI”. “É papel da democracia, também, mas vamos manter a agenda de reformas. Estão lançando o presidente do Senado como candidato a presidente. É antes da hora. Tem que ser alguém com capacidade de liderança para aplacar essa disputa entre poderes e acionar a agenda de reformas. Se aprovar Bolsa Família fora de teto [de gastos], precatório fora de teto, não sei o que vai acontecer”, advertiu.
“Um bom candidato tem que ser comprometido com as reformas e não simplesmente com furar teto aqui e ali, sem entender a gravidade do momento fiscal brasileiro”, continuou. Em seguida, voltou a comparar o presidente do Senado com Lira. “Pacheco é um representante da centro-direita. Vejo a determinação do presidente da República nos apoiando nas reformas, o presidente da Câmara também. O Senado tem um papel decisivo nas reformas, mas cumpre outra agenda no momento, da CPI da Covid, e em algum momento vai se engajar na agenda das reformas. Virá conosco para as reformas. inclusive pelo presidento do Senado”, reforçou.
Otimismo
De acordo com o ministro, o país está pronto para enfrentar a crise dos recursos hídricos e a inflação não é uma ameaça só no Brasil, pois cresceu em todo o mundo. “A inflação americana vai ser 7%. A nossa, vai ser 7% ou 8%. Estamos no jogo. O Banco Central está aí, independente, e vai enfrentar. Eu confio em nossas instituições”, afirmou.
Para Guedes, é preciso ser otimista. “Só enfatizam o que está dando errado. Não podemos ser negacionistas em matéria economia. Se o Brasil está crescendo 5,5%, alguma coisa certa deve estar acontecendo”, argumentou.