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R7 Brasília

Senadores destacam relação de depoente com lobista da Precisa

Ligação de ex-secretário de Anvisa foi demonstrada por meio de mensagens obtidas do celular de Marconny Albernaz

Brasília|Isabella Macedo, do R7, em Brasília

Os senadores integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 destacaram, na manhã desta quinta-feira (26/8), a relação de José Ricardo Santana, ex-secretário executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o advogado Marconny Albernaz Faria, apontado como lobista que atuava na administração pública em favor da Precisa Medicamentos.

Santana presta depoimento à CPI nesta quinta. Em áudio enviado no ano passado por ele a Albernaz, e reproduzido durante a reunião da CPI, Santana diz que conversou durante muitas horas com a médica Nise Yamaguchi para elaborar uma apresentação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Santana também diz no áudio que Marconny é importante para colocar o plano de pé.

O depoente evitou dar detalhes do plano que cita no áudio, afirmando que não realizou a apresentação e que não sabe se ela foi, de fato, levada a Bolsonaro. Santana disse que sua relação com Nise Yamaguchi era superficial e se reuniu poucas vezes com a médica.

“Acho que passava (a apresentação citada no áudio) por uma questão que ela tinha interesse em realizar algo sobre a retomada econômica do Brasil e com relação à testagem, que era uma coisa que ela acreditava. Então, foi mais ou menos nesses dois sentidos”, afirmou Santana.


Os senadores ironizaram a declaração, já que, à época, Santana disse que não estava mais exercendo o cargo de secretário-executivo na Anvisa. Santana também foi questionado se tinha formação em Economia, já que o plano seria de algo relacionado à retomada econômica, o que foi negado por ele. A resposta gerou uma reação incrédula do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).

“Pelo que eu sei, a sra. Dra. Yamaguchi também não tem nenhuma formação econômica, então essa sua resposta é furada. O senhor está faltando com a verdade aqui. (...) Olha, o Paulo Guedes vai ficar muito chateado, porque também, ministro Paulo Guedes, existe um gabinete paralelo na economia. Agora acabamos de descobrir um gabinete paralelo na economia pela Dra. Yamaguchi e pelo Sr. José Ricardo, que se reúnem para levar um plano de economia para a retomada do crescimento do Brasil”, ironizou o senador amazonense.


Santana é apontado como figura próxima de Francisco Maximiano, sócio da Precisa, que firmou contrato de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde para a venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. O depoente foi apontado como participante de um jantar em que Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina ao cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti, vendedor autônomo de vacina da empresa americana Davati Medical Supply.

O jantar ocorreu em 25 de fevereiro, mesma data de assinatura do contrato do governo com a Precisa. No requerimento de convocação de Santana, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirma que o depoente é “ligação direta com Francisco Emerson Maximiano, suas empresas e sócios, mas também com Roberto Ferreira Dias”. “Outrossim, há comprovação de que, juntamente com Maximiano e outros investigados, inclusive no mesmo voo, foi à Índia tratar com a fabricante da empresa Covaxin”, detalhou o relator.

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